Jornal Estado de Minas

SANTA CATARINA

Major travesti da PM terá sua 'capacidade moral' julgada por Conselho



A major Lumen Müller Lohn, oficial travesti da Polícia Militar de Santa Catarina, terá sua “capacidade moral e profissional" julgada por um Conselho de Justificação aprovado pelo governador Jorginho Mello (PL) nesta segunda-feira (24/04). Também será julgado a "convivência de sua permanência nas fileiras" da corporação.





Lumen, que também é lésbica, casada e mãe de três filhos, acredita que a real motivação para a formação do conselho, que julga possíveis transgressões morais de oficiais, seria sua identidade de gênero, uma vez que o pedido, feito em dezembro, veio logo após o início de sua transição, em setembro. 

“É difícil imaginar que não tenha alguma conexão, porque iniciei a transição de gênero em setembro, inclusive com requisição do nome social em outubro. Há elementos que deixam claro para mim que essa é a real motivação”, afirmou Lumen ao portal UOL.

A major, que tem 25 anos de carreira, ainda afirma que não teve acesso ao processo e não sabe o que poderia ter motivado o pedido de abertura do Conselho, uma vez que não teve nenhuma ação que pudesse ser classificada como transgressão moral.



“Parece que estão tentando achar uma justificativa para isso. (...) Sempre há um fato que faz iniciar um processo. Eu não tenho qualquer um, mas já estava em transição quando o processo iniciou", disse.

O Estado de Minas entrou em contato com a Polícia Militar de Santa Catarina, mas ainda não obteve resposta. 

O Conselho 

O Conselho de Justificação será composto pelos tenentes-coronéis José Ivan Schelavin como presidente, Vinícius Valdir de Sá, como relator, e Charles Garcia de Souza, como escrivão. Os oficiais terão 30 dias, a contar da data de sua constituição, para a concluir a averiguação, podendo ser prorrogado pelo governador por mais 20 dias.

O relatório final será votado em sessão secreta pelos três oficiais do conselho, sendo aprovado por maioria simples. O resultado será enviado para o governador do estado, Jorginho Mello, que terá então o prazo de 20 dias para decidir se aceita a decisão do Conselho.