A major Lumen Müller Lohn, oficial travesti da Polícia Militar de Santa Catarina, terá sua “capacidade moral e profissional" julgada por um Conselho de Justificação aprovado pelo governador Jorginho Mello (PL) nesta segunda-feira (24/04). Também será julgado a "convivência de sua permanência nas fileiras" da corporação.
Lumen, que também é lésbica, casada e mãe de três filhos, acredita que a real motivação para a formação do conselho, que julga possíveis transgressões morais de oficiais, seria sua identidade de gênero, uma vez que o pedido, feito em dezembro, veio logo após o início de sua transição, em setembro.
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“Parece que estão tentando achar uma justificativa para isso. (...) Sempre há um fato que faz iniciar um processo. Eu não tenho qualquer um, mas já estava em transição quando o processo iniciou", disse.
O Estado de Minas entrou em contato com a Polícia Militar de Santa Catarina, mas ainda não obteve resposta.
O Conselho
O Conselho de Justificação será composto pelos tenentes-coronéis José Ivan Schelavin como presidente, Vinícius Valdir de Sá, como relator, e Charles Garcia de Souza, como escrivão. Os oficiais terão 30 dias, a contar da data de sua constituição, para a concluir a averiguação, podendo ser prorrogado pelo governador por mais 20 dias.
O relatório final será votado em sessão secreta pelos três oficiais do conselho, sendo aprovado por maioria simples. O resultado será enviado para o governador do estado, Jorginho Mello, que terá então o prazo de 20 dias para decidir se aceita a decisão do Conselho.