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Estado de Minas TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO

Negros do Norte de MG são as principais vítimas de trabalho escravo

O trabalho análogo à ecravidão em Minas Gerais foi o foco da audiência pública da ALMG nesta quinta-feira (27/4)


28/04/2023 16:42 - atualizado 28/04/2023 17:06

Audiência ALMG
No ano de 2022, 1.070 pessoas foram resgatadas no estado em condições análogas à escravidão (foto: Willian Dias/ALMG)
O tema de destaque da audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nessa quinta-feira (27/4) foi o grande número de denúncias de trabalho análogo à escravidão em Minas Gerais e o predomínio de pessoas negras entre as vítimas.

Minas Gerais ocupa, há treze anos, o primeiro lugar no ranking nacional de ocorrências deste tipo, seja em número de trabalhadores ou de operações, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em 2022, 27% dos casos registrados no país aconteceram no estado.

Segundo a Coordenadora da Clínica de Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lívia Miraglia, o Norte mineiro é a região do estado que mais sofre com este tipo de crime, em especial, a cidade de João Pinheiro, no Noroeste, onde a maioria das ocorrências foram registradas.

Conforme o balanço realizado em 2020 pelo MTE, homens jovens, negros e pardos, com baixa escolaridade ou analfabetos são as principais vítimas do trabalho escravo contemporâneo no Brasil. Entretanto, mulheres negras são o perfil que compõem a maioria dos resgatados em Minas Gerais, segundo Lívia.

Nely Aparecida Rocha, mãe de trabalhadoras resgatadas e mulher negra da Comunidade Quilombola de Chapada do Norte, estava presente na audiência e explicou que muitos jovens do Vale migram para as plantações de café por ser a única oportunidade de emprego: “Muitos não terminam os estudos e acabam seguindo esse mesmo caminho, migram por causa das dificuldades de renda, uma situação pesada e difícil. Seria importante termos mais oportunidades de emprego no Vale do Jequitinhonha”.

A deputada Andreia de Jesus (PT)  também participou do evento e lamentou a naturalização da atividade laboral não-remunerada: “Dói ver a cor daqueles que são as vítimas do trabalho escravo. Precisamos do reconhecimento do trabalho negro nesse país. Naturalizam que nosso trabalho não tenha direito a remuneração, não podemos voltar para casa para descansar ou passar tempo com nossos filhos. Os criminosos não são responsabilizados, o patrimônio deles não é alcançado.” 

Para denúncias específicas de trabalho análogo a escravidão, foi lançado em 2020 o ‘Sistema Ipê’, uma iniciativa da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). As delações podem ser feitas de forma remota e sigilosa.


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