O Met Gala, considerado por muitos o evento mais importante do mundo da moda, aconteceu na noite de segunda-feira (1/5), em Nova York. A cada ano, a festa beneficente propõe um tema para seus convidados, e o deste ano foi um tributo a Karl Lagerfeld, que ficou famoso pelo seu cargo de diretor criativo da Chanel, o qual ocupou de 1983 até a sua morte, em 2019.
O evento acontece desde 1948 e visa arrecadar fundos para a abertura o Instituto de Vestuário do Metropolitan Museum of Art (Met), além de marcar a abertura de sua exposição anual, que este ano celebrará a vida do estilista.
Entretanto, a escolha do homenageado não agradou a todos. Por maior que seja seu legado, ele está manchado por um longo histórico de comentários preconceituosos.
Em 2009, Lagerfeld disse em entrevista para a Harper’s Bazaar que Coco Chanel não era ‘feia o bastante para ser uma feminista’. Outra fala machista do designer aconteceu em 2018, quando disse: “Se você não quer que sua calça seja tirada, não se torne uma modelo!”, ao ser questionado sobre o #MeToo, movimento de mulheres que lutam contra a cultura de assédio sexual que ganhou notoriedade em Hollywood e no mundo da moda, após atrizes e modelos denunciarem violências cometidas enquanto realizavam seu ofício.
Karl era abertamente gordofóbico, além de comentar com certa constância sobre corpo de celebridades — como fez com Adele, em 2012, quando disse que ela era ‘um pouco gorda demais’ - o ex-diretor da Chanel já declarou que “Ninguém quer ver mulheres gordas. As mães gordas com seus sacos de batatas fritas ficam em frente à TV dizendo que as modelos são feias”.
Uma de suas falas mais problemáticas aconteceu em 2017, quando criticou a então Primeira Ministra alemã, Angela Merkel, após a sua decisão de permitir a entrada de refugiados sírios no país: “A melhor coisa que a Alemanha inventou foi o Holocausto”. O comentário foi feito no ‘Salut les Terriens!’, um talk show francês.
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Fã do clássico preto e branco, Karl Lagerfeld dizia não gostar de tons de rosa: “Pense em rosa. Mas não o use”. E, por conta de seu passado problemático, alguns dos looks foram encarados como forma de indireta ou protesto. Viola Davis, Chloe Fineman, Naomi Campbell, Harvey Guillén, Sydney Sweeney, Ashley Graham, Gwendoline Christie, Cardi B e Quannah Chasinghorse optaram por usar a cor.
A cantora Lizzo, que advoga fortemente pela positividade corporal, postou em suas redes sociais uma foto comendo batata-frita enquanto vestia seu Chanel, o que fez com que muitos lembrassem do comentário feito pelo homenageado anos antes.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.