A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, anunciou, nesta quarta-feira (3/5), durante evento em Salvador (BA), a colaboração entre a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e os ministérios da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e Cidadania, das Mulheres e de Portos e Aeroportos, que juntos irão debater medidas de prevenção de casos de racismo e mecanismos de regulação nas companhias aéreas.
A integração entre a Anac e os ministérios será focada em evitar que atos de racismo se repitam. De acordo com a pasta da Igualdade Racial, a Anac foi notificada para adoção de medidas no combate e prevenção de casos de racismo, bem como a apuração de episódios praticados por agentes de empresas aéreas.
"A gente vai ter uma reunião para pensar ações, porque é inadmissível que casos como esse estejam acontecendo cada vez mais frequentemente. Estamos notificando (as empresas), mas também pensando nesse programa interministerial, para fazer uma ação concreta junto com as empresas, porque isso é o mais importante: esse letramento racial no tratamento às pessoas", compartilhou a ministra.
Durante o evento para renovar o Plano de Ação Conjunto Brasil-EUA para Eliminar a Discriminação Racial e Étnica e Promover a Igualdade (Japer), Franco fez referência ao caso de Samantha Vitena, uma professora negra expulsa de um avião da Gol, em que a companhia aérea foi acusada de racismo. Na ocasião, a ministra também relembrou um episódio semelhante sofrido por sua irmã, Marielle Franco, com a mesma empresa.
“A Marielle passou por um caso de racismo na Gol, ainda com três meses de vereadora. Eu me lembro perfeitamente de como ela chegou em casa. A gente recebeu (o caso de Samantha Vitena) e, além de repudiar o que aconteceu com ela, notificou todos os que estavam envolvidos no caso”, disse Anielle.
Caso Samantha Vitena
Em 28 de abril, a professora Samantha Vitena foi expulsa de um voo da Gol por se recusar a despachar uma mochila com um notebook dentro. Segundo a companhia aérea, a passageira estaria causando risco à segurança do voo que partia de Salvador com destino a São Paulo.
A professora se recusou a despachar a mochila, que se enquadra como artigo pessoal e pode ser armazenada dentro da aeronave, porque tinha medo de que algum dano pudesse acontecer com o aparelho, pois, caso isso acontecesse, a companhia aérea não se responsabilizaria.
Testemunhas afirmam que Samantha foi ignorada por comissários quando precisou de lugar para guardar sua mochila no bagageiro dentro do avião. Cerca de uma hora depois, agentes da Polícia Federal estiveram no avião para retirar a professora, a pedido do comandante da aeronave.
*Estagiária sob a supervisão de Lorena Pacheco