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Estado de Minas INCLUSÃO

Constituição Federal vai ganhar versão em língua indígena

Lançamento da obra será na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM)


18/05/2023 13:25
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Ao todo, quinze tradutores trabalham em uma tradução para o nheengatu, língua de origem tupinambá (foto: Thiago Gomes/Agência Pará)
Quinze tradutores indígenas estão trabalhando na primeira versão da Constituição Federal de 1988, em língua originária brasileira. A carta magna está sendo convertida para o nheengatu, língua de origem tupinambá, falada por diversos povos que vivem na Região Amazônica. A previsão é de que o trabalho seja concluído em outubro com o lançamento da obra em uma cerimônia na cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.

A iniciativa é do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está sendo coordenada pelo presidente da Biblioteca Nacional, Marco Luchesi, e pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro José Ribamar Bessa.

Em entrevista exclusiva à Rádio Nacional, Luchesi disse que outro projeto semelhante pretende traduzir a Lei Maria da Penha para diversas etnias que vivem no Mato Grosso, a pedido do Tribunal de Justiça daquele estado. Apesar de ser um trabalho pessoal de Luchesi, as traduções estão relacionadas com um dos focos de atuação da Biblioteca Nacional sob sua gestão: aumentar o acervo relacionado aos povos indígenas e outras populações tradicionais do país.

A biblioteca também já está guardando fotos de populações do Vale do Javari, produzidas no mês de março, durante uma expedição que contou com a participação de Luchesi. Ele adiantou ainda que a instituição está programando viagens a territórios quilombolas para também produzir registros nesses locais.

A Biblioteca Nacional também está intensificando projetos de internacionalização da cultura brasileira. Um deles é a concessão de bolsas de tradução de obras do nosso país, com demanda de leitores em outros países. Graças a uma dessas bolsas, em fevereiro, por exemplo, a obra A Paixão Segundo GH, de Clarice Lispector, ganhou sua primeira tradução em ucraniano. Clarice nasceu no país europeu, mas veio para o Brasil ainda pequena, naturalizando-se depois. Um aporte de um R$ 1 milhão foi feito pelo Ministério da Cultura para financiar as bolsas este ano.
Ainda de acordo com Luchesi a instituição pleiteia recursos também para acelerar a digitalização das obras - hoje, quase um terço do acervo de mais de 10 milhões de itens, já foi digitalizado - e para expandir seu prédio anexo. Números superlativos dão suporte aos pedidos. Nos períodos de férias, a Biblioteca Nacional chega a receber mais de mil visitantes por dia e o seu site teve mais de 100 milhões de acessos no ano passado.


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