Jornal Estado de Minas

STF

Entidades criticam Lula e cobram mulher preta no STF

Movimentos da sociedade civil questionaram a indicação de Cristiano Zanin ao STF (Supremo Tribunal Federal), confirmada por Lula (PT) nesta quinta-feira (1/6), e reforçaram a cobrança pela nomeação de uma mulher negra na corte.





A organização Mulheres Negras Decidem defende nomes de juristas negras que considera capacitadas. "Hoje, temos grandes nomes validados e impulsionados por dezenas de movimentos, coletivos e organizações. Eis a lista tríplice do povo: Lívia Santana e Sant'Anna Vaz, Adriana Alves dos Santos Cruz e Soraia da Rosa Mendes", diz nota.


Para a entidade, a indicação de um ministro do STF é um ato político, e a presença de juristas negras repararia um dano histórico. "Desde a redemocratização, há 130 anos, não houve uma única jurista negra que tenha exercido o cargo de ministra da Suprema Corte."


Além de histórica, tal indicação contribuiria para a inclusão de um grupo ainda sem representação no STF, expandindo por meio da diversidade a capacidade da Justiça brasileira de garantir direitos e cidadania.





"Uma jurista negra pode viabilizar o começo de uma nova era para nosso país, na qual a valorização da vida e dos direitos constitucionais sejam premissas básicas."

 

 


 

Indicação de Zanin


Nota divulgada pela iniciativa, que atua pelo aumento da participação de mulheres na política, diz ainda que a sociedade precisa conhecer as opiniões de quem ocupa o órgão mais importante do Judiciário.

 


"Preferencialmente, alguém que já tenha produzido literatura, tenha feito sustentações orais, aulas públicas ou de qualquer outra forma tenha estabelecido diálogo com a sociedade sobre suas teses; expondo-se, portanto, ao escrutínio geral e ao contraditório."


O trecho faz referência direta a Zanin, que tornou-se advogado de Lula em 2013 e ficou conhecido por defender o petista nos processos da Lava Jato, tornando-se seu amigo pessoal. Ele se formou em direito pela PUC-SP em 1999 e concluiu especialização em direito processual civil pela mesma universidade, sem ter cursado mestrado ou doutorado em seus anos de atuação profissional.





A aceleradora de mulheres na política Conecta também repudiou a indicação de Lula. "Na história brasileira, dentre 170 ministros, tivemos apenas 3 mulheres e 3 negros no STF, o que é constrangedor", afirma nota.


O texto questiona como pode haver democracia e progresso no país, se grande parte dos grupos sociais que sofrem injustiças históricas, como negros e mulheres, não tem as chances de participar do processo decisório de fazer justiça.


"A Conecta defende e advoga ao lado de movimentos sociais como o Mulheres Negras Decidem, Quero Você Eleita e outros a rápida ampliação da presença de mulheres e negros nos tribunais superiores, por uma questão de Justiça social e eficiência dos processos decisórios", finaliza.





 

 

 


Já Frei David Santos, diretor-executivo da Educafro, se mostra otimista com relação às próximas indicações do presidente. De acordo com ele, a instituição apresentou a Lula uma lista de dez afro-brasileiros para cargos de ministros do STF.


"São cinco mulheres afro-brasileiras e cinco homens, todos com personalidade ilibada e alto saber acadêmico. A maioria com pós- doutorado na Europa ou Estados Unidos", diz. "Soubemos e confiamos na escolha do dr. Zanin, na certeza de que as próximas duas vagas sejam para uma mulher afro e a terceira para um homem afro" afirmou.


A ministra Rosa Weber será a próxima a deixar o Supremo, em outubro. Juízes precisam se aposentar compulsoriamente ao completar 75 anos.

 

Próximas aposentadorias no Supremo

 

 

GOVERNO LULA (2023-2026)

Rosa Weber (out.23)

 

GOVERNO 2027-2030

Luiz Fux (abr.28)

Cármen Lúcia (abr.29)

Gilmar Mendes (dez.30)

 

GOVERNO 2031-2034

Edson Fachin (fev.33)

Luís Roberto Barroso (mar.33)

 

GOVERNO 2039-2042

Dias Toffoli (nov.42)

 

GOVERNO 2043-2046

Alexandre de Moraes (dez.43)

 

GOVERNO 2047-2050

Kassio Nunes Marques (mai.47)

André Mendonça (dez.47)