A violência contra a comunidade LGBTI+ está diretamente ligada a pensamentos, ideologias e valores religiosos fundamentalistas, os mesmos que são os pilares do machismo e do racismo. É o que explica Tanize Viçosa Cardoso, psicóloga clínica formada pela Universidade de Brasília (UnB) e especializada em atendimentos para pessoas LGBTI . Ela considera que campanhas educativas e políticas de acolhimento são fundamentais para mudar a visão da sociedade sobre os gays.
"Historicamente, o sofrimento de pessoas LGBTI está diretamente relacionado ao aumento do conservadorismo da sociedade. Acredito que todos possam sofrer com as consequências do preconceito contra essas pessoas, uma vez que o conservadorismo cria padrões de corpo e expectativas de comportamento para homens e mulheres que não podem ser atendidos pelas pessoas, sejam elas LGBTI ou não", explica.
Segundo Tanize, a desinformação infla o preconceito. "Acredito que o trabalho de desmistificar as mentiras associadas às pessoas LGBTI se torna fundamental para combater o preconceito. Isso pode ser feito com políticas públicas mais eficientes, com divulgação de informações nas mídias, com programas educativos dentro de escolas e em outros espaços educacionais", observa.
Kyara Zaruty, ativista dos direitos LGBTI e primeira mulher trans a mudar o nome e o gênero no Distrito Federal, explica que, além do preconceito e as perseguições, transexuais e travestis levam uma carga maior de sofrimento pessoal por causa das mudanças físicas. "Têm vários fatores que geram essa violência gratuita. Por exemplo: para um gay, é mais fácil ele não se assumir para a sociedade e para a família e viver a vida dele tranquilamente. Ele consegue ingressar no mercado de trabalho sem nenhuma repressão. Mas aquele gay mais feminino sofre em relação a isso. A mesma falta de empatia das pessoas acontece com as mulheres lésbicas: aquela que é mais feminina tem uma possibilidade maior; as mais masculinas são alvejadas pela sociedade", lamenta.
Evento
Em função do crescimento nos registros de agressões por parte de grupos radicais — como neonazistas e fundamentalistas religiosos —, a Polícia Militar de São Paulo reforçou o policiamento para a 27ª Parada do Orgulho LGBTI , que se realiza amanhã. O evento é o maior do mundo no gênero e o tema deste ano é tema definido e o escolhido de 2023 foi Políticas Sociais para LGBTI : queremos por inteiro e não pela metade.Os hotéis da capital paulista calculam que terão 75% de ocupação até a realização da Parada, segundo levantamento da associação do setor. Isso porque vários eventos paralelos vêm se realizando desde quarta-feira. O número mostra um aumento de 25% em comparação com o evento do ano passado.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi