Jornal Estado de Minas

JAPÃO

Reforma das leis de crimes sexuais no Japão aproxima país de padrões internacionais

Nesta sexta-feira (16), o Parlamento japonês aprovou uma significativa reforma em suas leis relacionadas a crimes sexuais, atendendo às expectativas da sociedade civil e alinhando o país com padrões internacionais sobre o assunto. Uma das principais alterações envolve a redefinição de estupro no Código Penal do Japão, que passa a considerar não apenas relações sexuais forçadas, mas também qualquer relação não consentida. Ativistas de direitos humanos comemoraram essa mudança como um avanço.





Anteriormente, para que um caso de estupro fosse denunciado, era necessário provar que a vítima estava incapacitada devido a violência ou intimidação. Especialistas argumentavam que isso facilitava a culpabilização das vítimas em vez dos agressores. A nova legislação expande os exemplos que ajudam a caracterizar o estupro, incluindo situações em que a vítima esteja sob efeito de drogas, assustada, em desvantagem social em relação ao agressor ou, principalmente, não tenha dado consentimento.
Outra mudança importante é o aumento da idade do consentimento, que passa de 13 para 16 anos, tornando relações sexuais com menores de 16 anos um crime. Essa idade estava em vigor desde pelo menos 1907 e, com a alteração, o Japão se aproxima das legislações de países como Reino Unido e Espanha, que também estabelecem 16 anos como idade do consentimento. A nova legislação também amplia de dez para 15 anos o prazo para que vítimas de violação sexual possam denunciar o crime antes que ele prescreva.

Além disso, a lei criminaliza práticas como filmar relações sexuais sem consentimento e compartilhar as imagens, bem como violar a intimidade de mulheres por meio de fotos ou vídeos não autorizados de suas partes íntimas, conhecida como 'upskirting'.




Embora esses avanços sejam considerados um progresso em relação aos direitos femininos, outra lei aprovada na mesma sexta-feira, voltada para pessoas LGBTQIA , recebeu críticas por sua timidez. O Parlamento aprovou um mecanismo que busca promover o respeito à comunidade LGBT, porém, o texto final diz apenas que 'não deve haver discriminação injusta', ao invés de abordar explicitamente a discriminação com base em orientação sexual ou identidade de gênero. O Japão, liderado pelo primeiro-ministro Fumio Kishida, é o único país do G7 que não possui um mecanismo de proteção legal específico para a comunidade LGBTQIA . A aprovação de leis sobre o tema havia sido prometida antes da cúpula do grupo realizada no mês passado.