Após mais um episódio de racismo no futebol registrado no último sábado (17/6) durante um amistoso da Seleção Brasileira contra a Guiné, na Espanha – que tinha como um dos objetivos o combate ao racismo –, o governo federal anunciou a criação de um grupo de trabalho para a elaboração de um plano de ação para combate ao racismo nas áreas de esporte e lazer.
Nessa segunda-feira (19/6), o Ministério do Esporte publicou uma portaria que cria um grupo de trabalho que reunirá representantes da sociedade, de empresas públicas e de entidades governamentais indicadas pelos Ministério da Igualdade Racial e da Justiça e Segurança Pública.
Leia Mais
Negras têm maior risco de sofrer violência física e sexual no BrasilHomem é preso por suspeita de racismo na Zona Sul do Rio de JaneiroVini Jr. diz que seu amigo foi 'humilhado' e cobra imagens de segurançaJogador do Volta Redonda denuncia loja no Rio de Janeiro por racismoJogador de basquete do Barça sofre insultos racistas em final contra o RealFrases racistas são pichadas em frente a escola municipal em HigienópolisPolícia de Passos apura a segunda denúncia de racismo em 15 diasSonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, visita Bahia para avaliar conflitos fundiáriosSão Paulo registrou cerca de 8 mil pedidos de refúgio de imigrantes em 2022Feira de emprego no Rio oferece vagas para pessoas com deficiênciaEm competições nacionais e internacionais, ataques racistas contra atletas brasileiros avançam de maneira preocupante. Segundo Observatório da Discriminação Racial do Futebol, foram registrados 90 casos de ofensas raciais em 2022, contra 64 em 2021. Um aumento de 40%.
Amistoso Brasil x Guiné
O amistoso entre a Seleção Brasileira e Guiné teve um protocolo alinhado com o combate ao racismo que dialogam com as ofensas racistas que Vinicius Júnior tem sofrido na Espanha. O Brasil jogou o primeiro tempo com um uniforme inédito, na cor preta, e atuou com a tradicional camisa amarela e um patch antirracista no segundo tempo.
Além disso, toda a adesivação do estádio foi feita em preto e branco. No telão, foi reproduzido um vídeo sobre combate ao racismo antes de os jogadores entrarem em campo; foi registrado um minuto de silêncio contra o racismo; e os atletas sentaram no gramado em forma de protesto antes do apito inicial.
Apesar das ações, um novo caso de racismo foi registrado no estádio Cornellà-El Prat, em Barcelona, onde o jogo aconteceu. O amigo e assessor de Vini Jr., Felipe Silveira, relatou ter sido vítima de ofensa racial por parte de um segurança, que apontou uma banana para ele.
“Mãos para cima. Esta é a minha arma para você”, teria dito o segurança, com a banana na mão, segundo o canal SporTV. No intervalo do jogo, a transmissão da emissora mostrou que o segurança tinha uma banana no bolso da calça. O nome do acusado não foi divulgado.
Depois da goleada de 4 a 1 da Seleção Brasileira sobre Guiné, Vinicius Júnior usou suas redes sociais para repudiar o caso, lamentando o ocorrido e pedindo que as imagens de segurança do estádio fossem divulgadas.
“Enquanto eu jogava com a já histórica camisa preta e me emocionava, meu amigo foi humilhado e ironizado na entrada do estádio. O tratamento foi triste, em todos os momentos duvidaram da cena surreal que aconteceu. Os bastidores são nojentos. Mas pra deixar tudo público, pergunto aos responsáveis: onde estão as imagens das câmeras de segurança?”, escreveu o atacante.
Ouça e acompanhe as edições do podcast DiversEM
O podcast DiversEM é uma produção quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar além do convencional. Cada episódio é uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar único e apurado de nossos convidados.