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Estado de Minas CRIME

Polícia de Passos apura a segunda denúncia de racismo em 15 dias

Alegando perturbação do sossego, um vizinho do local onde ocorria um jantar de casais evangélicos chamou um dos integrantes de macaco


20/06/2023 19:03 - atualizado 20/06/2023 19:21
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Salão onde ocorreu o evento
Tudo transcorria bem no salão de festa, disse a vítima, até que o agressor chegou (foto: Redes sociais/Reprodução)
A Polícia Civil abriu nessa segunda-feira (19/6) mais um inquérito policial para apurar crime de racismo em Passos, no Sudoeste de Minas. O caso foi registrado em uma casa de eventos onde acontecia um encontro evangélico de casais. Às 23h15, um vizinho, de 35 anos, que se sentia incomodado com o barulho, foi até a porta do evento, chutou o portão com violência e xingou palavras de baixo calão.

Um dos organizadores, o motorista Douglas Reis Morais, conhecido por Diguinho, de 49, foi até a porta, momento em que o homem xingou a mulher dele de vagabunda. Segundo o depoimento de Diguinho, ele pediu paz e o homem o chamou de macaco. O motorista disse que ia até a polícia, mas o homem mesmo ligou para a Polícia Militar. Ambos foram para a delegacia.

Conforme a vítima, o jantar estava no fim, no Jardim Harmonia, que é um espaço residencial, alugado aos sábados para evento, quando o homem chegou enfurecido.

Diguinho conta que estava terminando o encontro de casais quando o pastor estava fazendo os agradecimentos finais e o vizinho bateu no portão com violência e começou a proferir palavras de baixo calão, ofendendo, inclusive, as pessoas que estavam ali perto. “Um membro da igreja chegou a passar mal e fizemos os primeiros socorros ali mesmo, mas muita gente  ficou apavorada”, conta Diguinho.

O lugar tem hora para começar e terminar a festa. Segundo Diguinho, estava no final e poderia se perguntar ao vizinho do quarteirão inteiro se houve perturbação. “Não houve perturbação. Houve intolerância religiosa e injúria racial por causa da cor da minha pele”, acredita.
Foi instaurado inquérito policial para apurar os fatos apresentados. Se comprovada a perturbação ao sossego, segundo a polícia, o local poderá ter o alvará de funcionamento cassado, além de o responsável ser punido conforme a Lei das Contravenções Penais.

Por outro lado, se comprovada a injúria racial, o suspeito poderá responder na forma da Lei de Racismo, que recentemente foi alterada para conferir maior rigor à punição, inclusive é considerado crime imprescritível.

Outro caso de racismo


Essa é a segunda investigação da Polícia Civil por racismo em Passos neste mês. Em  4 de junho, o time de basquete feminino de Passos sofreu racismo em São Lourenço, no Sul do estado. O marido de uma jogadora do time adversário que disputava uma bola xingou a atleta passense. O técnico, ao ver a confusão, foi até lá, momento em que também foi chamado de macaco.


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