Jornal Estado de Minas

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Travesti expõe relações com André Valadão

Mais uma polêmica veio à tona envolvendo o nome de André Valadão. A travesti Talita Oliveira publicou um vídeo nas redes sociais expondo relações entre ela e o líder da Igreja Batista Lagoinha. Ela alega que os dois tiveram relações sexuais há alguns anos, em São Paulo e em Porto Alegre. 




 
"O André Valadão está abrindo a boca para falar muita besteira, então, André, eu vou abrir a minha boca também", começou Talita. "Você lembra, André Valadão, que você pagou o meu programa? Confesse, André Valadão, que você saiu comigo duas vezes e pagou o meu programa, ou você vai dizer que é mentira?", continuou.  
 
No vídeo, publicado há uma semana, Talita afirma que durante a ficada o pastor teria pedido para ela vestir a camisa e o boné, já que seu "tesão era em homem", não em travestis. "Assuma agora, que você pagou duas vezes o meu programa". 
 
 
 
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Segundo Talita, ela nunca teve a intenção de expor o pastor evangélico. Porém, o que a motivou a falar sobre o assunto foram as recentes declarações de Valadão, em que ele faz uma série de críticas e insultos à comunidade LGBTQIA+. 
 

André Valadão apresenta denúncia contra Talita

 
André Valadão apresentou uma denúncia contra Talita Oliveira ao Ministério Público, em conjunto com a Europol, agência que apura crimes no âmbito da internet. Atualmente, Talita mora na França. As informações são da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. 




 
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Vanessa Souza, advogada que representa Valadão, afirmou que estão "determinados a buscar uma reparação justa e necessária perante essas vergonhosas e infames alegações". "Não descansaremos até que a verdade prevaleça e essa pessoa enfrente as consequências adequadas por seus atos", complementou.
 
Em relação ao crime, a advogada afirma que a atitude de Talita pode configurar um crime de injúria e difamação. "Nenhuma punição será evitada para essa pessoa que tem a audácia de se esconder atrás de fronteiras internacionais, achando que pode agir impunemente", afirmou.
 

Qual a definição de transfobia?

A transfobia configura qualquer ação ou comportamento que se baseia no medo, na intolerância, na rejeição, no ódio ou na discriminação contra pessoas trans por conta de sua identidade de gênero. Comportamentos transfóbicos são aqueles que dizem respeito a quaisquer agressões físicas, verbais ou psicológicas manifestadas contra a expressão de gênero de pessoas trans e travestis.





O que é um ato transfóbico?

Atos transfóbicos podem ser cometidos por qualquer pessoa, mas geralmente partem de pessoas cisgênero que não compreendem ou têm aversão à comunidade trans, desencadeando ações como crimes de ódio.

Diferentemente de crimes comuns ou daqueles considerados passionais, a violência letal contra pessoas trans podem ter como fator determinante a identidade de gênero ou a orientação sexual da pessoa agredida.

A transgeneridade

Para entender melhor as relações entre identidade de gênero, é importante saber a diferença entre cisgênero e transgênero:
  • Cisgênero é aquela pessoa que se identifica com seu sexo biológico, seja masculino ou feminino (exemplo: uma pessoa que nasceu com genitália feminina e se identifica com o gênero feminino é uma mulher cis).
  • Transgênero é aquela pessoa que não se identifica com o sexo biológico que nasceu (exemplo: uma pessoa que nasceu com genitália masculina e se identifica com o gênero feminino é uma mulher trans).
  • Existem, também, diferenças entre mulheres transgênero e travestis que se concentram em suas identidades de gênero e maneiras de expressá-las.

O termo transgênero pode ser utilizado para se referir às pessoas que não se identificam com o seu sexo biológico e que podem buscar tratamentos hormonais ou cirúrgicos para se assemelharem ao gênero com o qual se identificam.



Já o termo travesti se refere uma identidade brasileira relativa apenas às pessoas com o sexo biológico masculino que se identificam com o gênero feminino e não necessariamente buscam mudar as suas características originais por meio de tratamentos.

Direitos das pessoas trans no Brasil

A Constituição Federal de 1988 não faz referência explícita à comunidade LGBTQIAP+, mas muitos dos seus princípios fundamentais englobam essa parcela da sociedade. É o caso do princípio da dignidade humana; da igualdade entre todos; e do dever de punir qualquer tipo de discriminação que atente contra os direitos fundamentais de todos.

Com eles, há dispositivos legais estaduais e municipais que tratam especificamente sobre a população LGBTQIAP e transfobia. Um exemplo é o Decreto 41.798 do Estado do Rio de Janeiro, de 2009, que criou o Conselho dos Direitos da População LGBTQIAP , que tem como finalidade e responsabilidade:
  • estimular e propor políticas públicas de promoção da igualdade e de inserção educacional e cultural dessa população;
  • adotar medidalegislativas que visam eliminar a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero;
  • receber, examinar e efetuar denúncias que envolvam atos discriminatórios contra membros da comunidade LGBTQIAP .





Outros avanços legislativos envolvem o reconhecimento em 2018, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do direito das pessoas de alterarem seu gênero e nome civil nos cartórios – agora, sem a obrigatoriedade de passar por cirurgia de redesignação.

Há também a decisão do STF de 2019 de enquadrar crimes de LGBTfobia na lei do racismo – com as mesmas penas –, enquanto uma legislação específica não é elaborada.

Dados sobre a transfobia no Brasil

O Brasil ainda não possui dados oficiais sobre LGBTfobia em geral e os dados sobre a transfobia no país são divulgados pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) anualmente com base, principalmente, em notícias publicadas pela mídia.

Como já comentado, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo – o que não configura apenas assassinatos, mas também inclui outras causas de morte, como suicídio e lesões em decorrência de agressões.





Brasil tem Secretaria LGBTQIA

Atualmente, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania conta com a Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA , comandada pela travesti paraense Symmy Larrat.

Junto ao Ministério da Justiça, a Secretaria LGBTQIA articula projetos para proteção da população trans, inclusive com participação da Antra e das deputadas Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), as primeiras parlamentares transgênero da história do Congresso Nacional.