Jornal Estado de Minas

PIONEIRISMO

UFMG é a primeira universidade do país a institucionalizar acervo LGBT

A Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG aprovou, no início deste mês, a institucionalização do Acervo LGBT+ Cintura Fina, que reúne arquivos da memória da comunidade na cidade de Belo Horizonte. A partir desta decisão, a universidade tornou-se a primeira do país a institucionalizar um acervo específico sobre o tema.




Mantido pelo Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT (NUH), o acervo pretende resgatar, registrar, difundir e preservar o patrimônio, relacionado a práticas, memória e produções culturais desta comunidade.

"O nome do acervo homenageia a Cintura Fina, uma dissidente sexual, de uma figura não propriamente travesti, mas do que hoje denominaríamos queer: uma importante personagem LGBT no cenário da cidade de Belo Horizonte", explica texto de apresentação do projeto.

Composto de documentos, cartas, fotos, recortes de revistas, jornais e outras mídias, o acervo também dispõe do material jornalístico e bibliográfico sobre Cintura Fina, cedido pelo especialista em memória LGBT Luiz Morando.




 
"A importância do Acervo está relacionada a necessidade de recuperar, preservar, divulgar e pesquisar sobre a memória e as histórias das populações dissidentes de sexo e de gênero. É fundamental que outros acervos sejam criados em universidades para tornar mais acessíveis os materiais que ajudam a revelar as formas de constituição de nossas identidades e sociabilidades", afirma Luiz.

Quem foi cintura fina?

Natural do Ceará, Cintura Fina viveu em Belo Horizonte por quase 30 anos, nas décadas de 1950, 1960 e 1970, desfilando como queria pelas ruas da capital mineira, afrontando o conservadorismo da época.
Em dezembro de 2021, após indicação da vereadora Iza Lourença (PSOL), Cintura Fina foi reconhecida como cidadã honorária de Belo Horizonte.
 
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fábio Corrêa