Jornal Estado de Minas

PRESERVAÇÃO, LUTA E MEMÓRIA

'Agosto Indígena': Espaço do Conhecimento UFMG tem programação especial


O Espaço do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) preparou uma programação especial para o mês de agosto, quando se comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas (9/8). Dentre as atividades, que serão realizadas aos finais de semana do mês que vem, estão oficinas e visitas acessíveis em Libras (Língua Brasileira de Sinais) à Exposição Mundos Indígenas – que estará no local durante todo o período, de terça a domingo.





De acordo com a professora Karenina Andrade, antropóloga e coordenadora do Núcleo de Ações Educativas do Espaço do Conhecimento, é preciso desconstruir o imaginário equivocado que situa os povos indígenas em um eterno passado e inscrevê-los no presente.

“Os povos indígenas não são nossos ancestrais. Eles são nossos contemporâneos e compartilham conosco o tempo presente, incorporando as inovações tecnológicas em seus mundos tal qual nós fazemos, inclusive em sua luta pelo reconhecimento de direitos. Temos hoje importantes líderes e pensadores indígenas utilizando a escrita, as redes sociais e a produção audiovisual em defesa da existência de seus mundos”, afirma ela.

O Agosto Indígena tem como foco promover reflexões e reafirmar o protagonismo dos povos indígenas, assim como suas trajetórias de lutas pelo reconhecimento de seus direitos fundamentais, dentre os quais a reparação histórica e cultural que já dura há séculos. Trata-se de uma ação em consonância com a Lei de n° 11.645/08, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade do tema “História e cultura Afro-Brasileira e Indígena”.





Povos indígenas no Brasil

Em abril deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Censo Demográfico já registra cerca de 1,653 milhões de pessoas indígenas em todo o país.

Segundo estimativas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a população indígena em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, poderia ser de até 10 milhões de habitantes divididos entre mais de 1.000 povos diferentes. A entidade também calcula que cerca de 1.300 línguas eram faladas pelos diferentes povos.

Com o avanço do garimpo e do desmatamento, os povos originários têm sido encurralados em suas próprias terras e, atualmente, a população indígena foi reduzida a cerca de 0,5% da população brasileira.





Ativismo indígena

A programação do Espaço do Conhecimento para o Agosto Indígena é dedicada ao debate e à valorização das multiplicidades que permeiam as culturas, saberes, tradições e produções indígenas. As oficinas buscam dialogar com narrativas, histórias e aspectos da astronomia indígena, além de visitas mediadas, inclusive em Libras, à exposição Mundos Indígenas.

“A mostra convida os visitantes a apreciar um pouco da enorme pluralidade dos modos indígenas de existir e se relacionar. Visitas mediadas à exposição oferecem ao público a oportunidade de mergulhar nos mundos ali apresentados e escutar os recados das curadoras e curadores indígenas, que nos convidam a conhecer um pouco de suas realidades”, afirma Karenina Andrade.

“O museu dedicou toda a sua programação em homenagem a essa data. Contamos com curadoria é feita por curadoras e curadores indígenas de cinco povos – Yanomami, Ye’kwana, Xakriabá, Tikm%u1FE6’%u1FE6n (Maxakali) e Pataxoop. Cada curador escolheu um tema a respeito do seus mundos e do seu modo de vida para apresentar ao público visitante”, acrescentou.




 

Programação

Exposição Mundos Indígenas

No Espaço do Conhecimento UFMG, os modos de viver, de saber e de cuidar dos povos Yanomami, Ye’kwana, Maxakali, Pataxoop e Xakriabá são apresentados na exposição Mundos Indígenas. Cada mundo indígena é mostrado a partir de um conceito proposto pelas curadoras e pelos curadores: në ropë, weichö, corpo-território, yãy hã m%u0129y e o grande tempo das águas. Com os mundos indígenas, podemos aprender a coexistir, a interagir com respeito e cuidado. Aprender que existem outros mundos. É permitido tocar os objetos. 
Quando: terça à domingo, de 10h às 17h (sábado de 10h às 21h)
Público: aberto a todos os públicos
Onde: Espaço do Conhecimento UFMG – Praça da Liberdade, 700 – Funcionários.

Visita aos Mundos Indígenas: O grande tempo das águas

Quando: 5/8 (sábado), às 15h
Número de vagas: 15 participantes
Onde: 2° andar (exposição Mundos Indígenas) – Espaço do Conhecimento UFMG

Oficina Os Sorielisarb: Quem são os outros?

Quando: 6/8 (domingo), às 15h 
Número de vagas: 20 participantes
Onde: 2° andar (Sala de Oficinas) – Espaço do Conhecimento UFMG

Oficina Experimentando Histórias Yãmîs

Quando: 12/8 (sábado), às 15h 
Número de vagas: Até 15 participantes
Onde: 2° andar (exposição Mundos Indígenas) – Espaço do Conhecimento UFMG

Visita mediada à exposição Mundos indígenas

Quando: 13/8 (domingo), às 15h, e 27/8 (domingo), às 15h 
Número de vagas: Até 20 participantes
Onde: 2° andar (exposição Mundos Indígenas) – Espaço do Conhecimento UFMG

Visita mediada à exposição Mundos indígenas – Acessível em Libras

Quando: 19/08 (sábado),  às 14h 
Número de vagas: Até 20 participantes
Onde: 2° andar (exposição Mundos Indígenas) – Espaço do Conhecimento UFMG

Oficina Histórias das Aldeias

Quando: 20/8 (domingo), às 15h 
Número de vagas: Até 20 participantes
Onde: Espaço do Conhecimento UFMG 

Oficina Desvendando as Constelações Guarani

Quando: 26/8 (sábado), às 15h 
Número de vagas: Até 15 participantes
Onde: 5° andar (hall) – Espaço do Conhecimento UFMG

A entrada no Espaço do Conhecimento da UFMG é gratuita e apenas as atividades no terraço astronômico e no planetário são pagas, com ingressos de R$10 (inteira) e R$5 (meia) com pagamento exclusivamente no cartão de débito. As sessões de observação no terraço acontecem aos sábados, das 19h às 20h45, com retirada de senhas a partir das 17h30), e aos domingos, das 11h às 12h45 (com retirada de senhas a partir das 10h).




 

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