Cacique Raoni, ícone da luta pelos direitos dos povos nativos, lançou na última sexta-feira (28) um manifesto contra o marco temporal e afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante seu governo, incentivou a violência contra os povos indígenas e o meio ambiente.
A declaração aconteceu durante o encontro ‘Chamado do Cacique Raoni Metuktire’, que reuniu mais de 700 indígenas na aldeia Piaraçu, em Mato Grosso:
“Foi o vice-presidente da Dilma Rousseff, Michel Temer, que começou a incentivar as pessoas a terem ódio dos povos indígenas. Depois, veio o Jair Bolsonaro. Ele começou a incentivar de uma maneira muito forte as pessoas a matarem os indígenas, dizendo: 'se o indígena atrapalhar, mate ele'. Assim era Bolsonaro”, declarou o Cacique à DW.
Durante o evento também houve a apresentação de uma carta de autoria de Raoni, que exigia um posicionamento dos Três Poderes sobre ações que reduzam os impactos das mudanças climáticas, demarcação de terras e impedimento do marco temporal. O cacique cobrou que uma resposta fosse dada até 9 de agosto.
“Por tempos imemoráveis, nós, povos indígenas, temos sido guardiões e guardiãs das florestas, dos rios, do ar e dos animais das terras por onde nossos ancestrais caminharam. Essas terras representam não apenas nosso lar, mas também nossa identidade cultural, nossas tradições, ciência, que sempre existiram de forma conjunta e equilibrada com a natureza. É fundamental compreender que a posse dessas terras não se trata apenas de um aspecto material, mas de um elemento essencial para a nossa existência”, diz a carta.
Em sua carta, Raoni também questionou a ausência do presidente Luiz Inácio Lula ada Silva (PT), que foi convidado, mas não compareceu ao evento.
“O Cacique Raoni já atendeu ao seu chamado. E vocês, quando irão atender o nosso?”, diz o parágrafo final da carta. A frase faz referência à posse do terceiro mandato de Lula, que convidou Raoni para subir junto dele a rampa do Palácio do Planalto.