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Estado de Minas Cotidiano

2 de cada 3 indígenas brasileiros vivem fora de terras demarcadas


09/08/2023 13:51 - atualizado 09/08/2023 13:57
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acessórios indiígenas
(foto: Marcelo Camargo/AB)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A maior parte dos indígenas brasileiros vive fora de territórios demarcados, aponta dados do Censo 2022 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta segunda-feira (7).

Segundo o levantamento, 1.071.469 indígenas estão nessas condições, o que equivale a 63,27% do total. Dentro dos territórios indígenas existem 622.066 pessoas, ou seja, 36,73%.

Para a pesquisa, o instituto considerou como terras indígenas aquelas declaradas, homologadas ou regularizadas até a data de 31 de julho de 2022. Com este critério, o Censo encontrou 573 terras indígenas, conforme dados da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

O levantamento anterior do IBGE, feito há 13 anos, apresentava a proporção inversa, com a maior parte dos indígenas dentro dos territórios demarcados.


No Censo 2010, foram identificadas 505 terras indígenas reconhecidas. Os dados mostravam que 517,4 mil indígenas residiam em territórios indígenas, o que significava 57,7% do total da população desse grupo.


Ainda em relação a 2010, o número de pessoas indígenas em terras indígenas apresentou um crescimento de 20,23% no levantamento deste ano. Essa comparação, porém, tem algumas limitações, pois foram feitas mudanças metodológicas entre os dois levantamentos.

Leia também: Minas é o estado com a 3ª menor proporção de indígenas no Brasil, segundo Censo


O instituto trabalhou com três conceitos de localidades indígenas. O primeiro é o das terras indígenas oficialmente delimitadas pela Funai. Os outros dois envolvem os agrupamentos indígenas e as outras localidades indígenas. Ambos são identificados pelo próprio IBGE, e não pela Funai, como no caso das terras oficialmente delimitadas.


No Censo 2022, o IBGE fez a seguinte pergunta em todo o território brasileiro: "a sua cor ou raça é?". As opções de resposta eram branca, preta, amarela, parda ou indígena.


Se uma pessoa estivesse dentro de uma localidade indígena (terra, agrupamento ou outra localidade) e não se declarasse indígena no quesito cor ou raça, o recenseador abria uma segunda questão: "você se considera indígena?".

Em 2010, o IBGE também fez a primeira pergunta sobre cor ou raça em todo o território nacional, incluindo as possibilidades de resposta branca, preta, amarela, parda ou indígena.

A diferença é que, em 2010, a segunda questão –"você se considera indígena?"– só era aberta para brancos, pretos, amarelos e pardos se eles estivessem nas terras indígenas oficialmente delimitadas, e não em todas as localidades indígenas, como é o caso de 2022.


"Quando a gente muda a metodologia, e passa a abrir a segunda pergunta fora das terras, nas localidades mapeadas, a gente dá oportunidade a um número maior de pessoas indígenas de compreender melhor o quesito da autodeclaração. É uma das diferenças", disse Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.

*

 

Proporção de indígenas na população por unidade da federação:

Em %

15,29 - Roraima

12,45 - Amazonas

4,22 - Mato Grosso do Sul

3,82 - Acre

1,62 - Bahia

1,59 - Mato Grosso

1,55 - Amapá

1,34 - Rondônia

1,32 - Tocantins

1,18 - Pernambuco

1 - Pará

0,84 - Maranhão

0,82 - Alagoas

0,76 - Paraíba

0,64 - Ceará

0,38 - Espírito Santo

0,36 - Rio Grande do Norte

0,33 - Rio Grande do Sul

0,28 - Santa Catarina

0,28 - Goiás

0,27 - Paraná

0,22 - Piauí

0,21 - Sergipe

0,21 - Distrito Federal

0,18 - Minas Gerais

0,12 - São Paulo

0,11 - Rio de Janeiro

Fonte: Censo população indígena 2022/IBGE

 

De acordo com ela, o instituto também buscou aprimorar as técnicas de abordagem do Censo 2022 com o objetivo de minimizar as recusas.

O levantamento mostrou também que 689,2 mil pessoas vivem em terras indígenas no Brasil, sendo que 90,26% delas se declararam indígenas —9,74%, o equivalente a 67,1 mil pessoas, são não indígenas, portanto. .

Grande parte dessa população (49,12%) está concentrada no Norte, região na qual as terras indígenas tinham 338,5 mil habitantes (93,49% deles eram indígenas).

Ainda levando em conta apenas a população indígena em terras indígenas, três estados se destacam com a maior presença das pessoas deste grupo social.

Amazonas (149.047), Roraima (71.412), Mato Grosso do Sul (68.534). As três unidades da federação juntas somam 46,46% da população em terras indígena.

*

 

População indígena por unidade da federação

Em números absolutos

Amazonas - 490.854

Bahia - 229.103

Mato Grosso do Sul - 116.346

Pernambuco - 106.634

Roraima - 97.320

Pará - 80.974

Mato Grosso - 58.231

Maranhão - 57.214

Ceará - 56.353

São Paulo - 55.295

Minas Gerais - 36.699

Rio Grande do Sul - 36.096

Acre - 31.699

Paraná - 30.460

Paraíba - 30.140

Alagoas - 25.725

Santa Catarina - 21.541

Rondônia - 21.153

Tocantins - 20.023

Goiás - 19.522

Rio de Janeiro - 16.964

Espírito Santo - 14.411

Rio Grande do Norte - 11.725

Amapá - 11.334

Piauí - 7.198

Distrito Federal - 5.813

Sergipe - 4.708

Fonte: Censo população indígena 2022/IBGE

 

A Terra Indígena Yanomami é a maior do Brasil, com 27.152 pessoas. Ela ocupa um território que abarca partes dos estados de Amazonas e Roraima.

A forma usada no Censo para contar quem é indígena é a autodeclaração. Ou seja, quem se define dessa maneira dentro ou fora das localidades.

O Brasil tem quase 1,7 milhão de indígenas, o equivalente a 0,83% da população total no país (203,1 milhões).

 


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