Em 192 páginas, o livro de Geninho Goes aborda uma parentalidade gentil, afetuosa, e acima de tudo, paciente. ‘Paiciência – Lições práticas de uma família inspiradora e nada convencional’ é um convite a mergulhar dentro de si e exercitar a conexão emocional com seus filhos.
Geninho e seu companheiro, Eduardo Domingos iniciaram sua jornada como pais em 2016, ao adotarem Maria, que, na época, tinha oito anos. Entretanto, para a surpresa de ambos, no segundo semestre de 2022, o casal recebeu um novo contato da assistente social, que propôs a adoção dos quatro irmãos biológicos de sua primogênita.
Atualmente Maria tem 14 anos, Ellen, 11, Wellington ,7, Allysson,4, e Rayane apenas 1 ano.
Com escrita intimista, Geninho guia o leitor pelo processo de adoção daqueles que descreveu como ‘gerados pelo coração’, ao mesmo tempo que reflete sobre as crianças órfãs de pais presentes, aqueles que estão ocupados demais com outras questões como trabalho ou consumo e que precisam encontrar um tempo para seus filhos.
“A minha vida e do meu companheiro também foram marcadas pela ausência de pai e pela vida dura de mãe solo. De certa forma, esta obra é um jeito de amenizar uma dor que vivemos e assim quebrar nossos ciclos, dos nossos filhos e dos leitores”, explica Geninho.
O livro também aborda brevemente questões espirituais que ajudaram o casal a lidar com a súbita mudança de rotina, como, por exemplo, as quatro leis indianas da espiritualidade, que buscam melhorar o condicionamento pessoal para lidar melhor com as adversidades e dificuldades do dia a dia.
Outro tema explorado na obra é a diversidade. A família descrita como ‘nada convencional’ de fato merece o título: Segundo o Observatório do 3º Setor, que fez uma pesquisa apurando dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 58% dos candidatos a adotantes querem crianças até 4 anos, 61,5% não aceitam adotar irmãos. Além disso, pelos pais se tratarem de um casal homoafetivo, que ainda representam uma minoria quando se trata de adoção. De acordo com dados do CNJ, em 2021 houve 3.800 adoções, sendo 91 por casais com duas mulheres e 131 por casais de dois homens.
“O livro é sobre amor de pai e de mãe, sem rotular e sem tratar de qualquer gênero. As crianças que estão nos abrigos à espera de uma família querem mesmo é se sentir amadas, por um papai, uma mamãe, dois papais, duas mamães, não importa, porque colo, carinho, afeto e abraço não têm gênero. Se tem uma bandeira que levanto, essa bandeira é a do amor. Faço isso diariamente, porque o amor cura”, diz Geninho.
Apesar do título do livro, a obra é um manual prático cujo conteúdo também pode ser valioso para qualquer pessoa, independente do ‘cargo familiar’, não somente pais, já que estimula a todo o momento reflexões necessárias abrangendo temas como a importância do diálogo, da tolerância e do respeito mútuo, além de estratégias para lidar com momentos de tensão.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.