Para apresentar os resultados da Residência Artística Profecias, realizada pela coletiva Casarelas, a exposição ‘Profecias’ está aberta ao público desde a última quarta-feira (16), no Centro Cultural Venda Nova, no Bairro Jardim dos Comerciários.
As artistas da residência foram selecionadas por meio de um edital de chamamento público destinado a mulheres e pessoas trans: Bê Moura na área da música, Bárbara Macedo nas artes visuais, Helena Borges na literatura e Iúna Ferreira na dança/teatro. A seleção das propostas e curadoria do projeto foi realizada pela artista Maria Moreira.
Na exposição, a artista visual Bárbara Macedo expõe seu trabalho ‘Oráculo das Ancestravas’, que tem em vista profetizar um futuro digno para as travestis brasileiras.
A artista criou cinco faixas com profecias que transformam a violência — que, infelizmente, não é estranha às travestis — em bons caminhos, morte em vida e ódio em alegria:
“O desejo deste trabalho é que possamos, também, mudar a visão que as pessoas têm acerca das travestis ao lerem as mensagens do Oráculo. É um movimento em homenagem às travestis que atravessaram o mundo dos mortos e hoje guiam as que ficaram e tentam dar continuidade ao seu legado. É um Oráculo de rua, essa territorialidade tão nossa, que traz mensagens de novas possibilidades para nós”, explica Bárbara.
Helena Borges apresenta ‘As Delicadas Fronteiras Entre Os Vivos E Os Mortos’, uma ficção especulativa em processo, exposta por meio de texto e ilustrações.
Ambientada em um futuro distópico onde os recursos da Terra foram completamente degradados, os humanos mais ricos conseguem fugir do ambiente inóspito em naves espaciais. E a cerâmica, como objeto que persiste, se revela uma forma de acesso à história da humanidade para os alienígenas que vieram visitar o planeta.
A performance ‘Memórias desfiadas’, apresentada pela atriz Iúna Ferreira, tem como figurino um manto de retalhos em tons azuis costurado no período de residência. Em seus processos artísticos, Iúna se inspira no artista plástico Bispo do Rosário e a musicalidade do berimbau presente na Capoeira Angola.
Bê Moura, baterista, apresenta seu trabalho ‘Bateráculo: seu coração pulsa em tercina ou semicolcheia?’, que foi desenvolvido a partir do questionamento sobre a rítmica da pulsação do coração.
Com entrada gratuita, ‘Profecias’ poderá ser visitada até o dia 26 de agosto. A classificação é livre.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.