Indígenas pertencentes à etnia Guarani e Kaiowá sofreram ataque de um grupo armado desde a última terça-feira (15/8) em seu acampamento tekoha Avae’te, localizado em Dourados, no Mato Grosso do Sul. Os pistoleiros dispararam tiros contra a comunidade, incendiaram suas casas e levaram pertences. Na última quinta (18), destruiram os cultivos de banana, mandioca e quiabo da comunidade.
Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o primeiro ataque aconteceu na madrugada de terça, quando o grupo incendiou 10 casas, o que levou muitos a se esconderem no mato.
Este foi o primeiro ataque registrado neste ano contra os Guarani e Kaiowá do tekoha Avae’te, território reivindicado como tradicional pelos indígenas. A área está justaposta à Fazenda Boa União, propriedade de Allan Christian Kruger, empresário e sojicultor.
Na tarde de quarta-feira (16), o local foi invadido novamente e houve disparo de tiros:
“Eles vieram pelo mato e atiraram umas quatro vezes, e [um dos disparos] quase acertou nosso parente”, relata Yvyraija Miri, liderança da comunidade, ao Cimi.
Apelidado pelos indígenas de ‘caveirão’, um trator blindado e modificado com chapas de metal, passou por cima das roças da comunidade na manhã de quinta (17), o que destruiu seus cultivos de banana, mandioca e quiabo.
Atualmente, os Guarani e Kaiowá são o segundo maior povo indígena do Brasil, com cerca de 50 mil habitantes que se concentram principalmente no estado do Mato Grosso do Sul. Ataques como esses são comuns desde 2018, quando foi iniciado o processo de retomada das áreas.