Batizada de ‘baldlocs’, a técnica desenvolvida pelo carioca Lucas Preto resgata a autoestima de homens que sofrem com a calvície por meio da aplicação de dreads. O projeto ‘Africarioca na Estrada’ será realizado em Belo Horizonte entre os dias 12 e 16 de setembro e promoverá o treinamento de profissionais locais, visando movimentar o setor na região e ampliar o conhecimento sobre o procedimento.
Segundo dados do "Instituto Omens", cerca de dois bilhões de pessoas enfrentam a calvície no mundo. Somente no Brasil, são 40 milhões de calvos. Um estudo realizado pela International Society of Hair Restoration apontou o cabelo como o atributo físico que mais afeta a autoestima, superando até mesmo os problemas com peso, estética dos dentes e má aparência. A pesquisa ainda revelou que 75% dos homens que sofrem perda capilar se sentem menos confiantes.
Os dreadlocks têm uma longa história que remonta a civilizações antigas e se tornaram populares na cultura Rastafári, onde são vistos como uma expressão de espiritualidade e conexão com a natureza.
A ideia por trás das ‘baldlocs’ veio por meio de um cliente, que queria fazer os dreadlocks tradicionais, entretanto, sua calvície impedia que esse sonho se realizasse.
“Tive a ideia de tentar usar as próteses para cobrir a área de calvície dele e nessa primeira aplicação a gente levou mais de 12 horas para entregar o que seriam os primeiros Baldlocs. Quando a gente finalizou, eu entendi que tinha algo muito grande diante de mim, que colocar isso no mundo impactaria a vida de muitas pessoas, e é exatamente o que acontece: as pessoas chegam carecas no meu estúdio e saem renovadas, não só no visual, mas parece que mudam por dentro também”, conta Lucas.
O procedimento é realizado com needle technique — ou, técnica de agulha, em português — e não utiliza nenhuma substância danosa ao couro cabeludo, possibilitando e estimulando o crescimento nas regiões ainda propícias a terem fios. Entretanto, a técnica depende de alguns critérios de avaliação, como não ser totalmente careca e estar com o cabelo remanescente com, no mínimo, 4 centímetros de comprimento. Além disso, o procedimento também pode ser feito em fios lisos, desde que tenha um tamanho de 7 centímetros de cabelo para manter a prótese bem fixada.
Lucas conta que o procedimento tem sido feito às cegas, para não influenciar a reação final do cliente:
“Quando acontece a revelação no final, tem cliente que começa a gargalhar se admirando, que chora de emoção ao se reconhecer, ao se deparar com uma nova versão. É muito emocionante presenciar isso”, relata Lucas.
Apesar de seu salão, o Africarioca, ter sido inaugurado apenas em 2018, Lucas sempre esteve presente no universo dos cabeleireiros:
“Cresci no salão da minha mãe, que era dedicado à beleza negra. Na verdade, a minha família inteira é de cabeleireiros, incluindo minhas tias, minhas primas… Todo mundo! A última coisa que eu pensava em ter na vida era um salão de beleza. Tanto que para fugir disso, trabalhei com várias coisas. Fui vendedor de loja, de curso, de purificador de água… Já fui pintor, jardineiro, trabalhei em uma lava a jato… Fiz de tudo. Mas nesse meio tempo também cortava o cabelo de uns amigos em casa, usando a máquina deles mesmo. Tem cliente de hoje que é dessa época”.
Africarioca em BH
O projeto ‘Africarioca na Estrada’ acontecerá entre os dias 12 e 16 de setembro na Região Central de Belo Horizonte, no salão DreadSkill. Os dreadmakers serão certificados na técnica, no entanto, a certificação não se restringe ao treinamento prático, mas também contará com uma mentoria de marketing de até seis meses para os profissionais conseguirem divulgar seus trabalhos e precificar o serviço com base no público-alvo.
“Esse intercâmbio é fundamental para a propagação da técnica dos Baldlocs, mas principalmente pelo fato da exclusividade da técnica, que coloca os profissionais dreadmakers em outro nível no mercado, que cada vez mais pede profissionais especializados em técnicas inovadoras para atender o maior número de pessoas, que possuem características únicas e plurais, além de movimentar a economia local e o setor de beleza”, explica Lucas Preto.