A investigação sobre o monopólio de exploração sexual de travestis e de mulheres transgênero em Minas Gerais e em Santa Catarina ganha um novo capítulo. Sete dos oito mandados de prisão expedidos para a 7ª fase da operação “Libertas” foram cumpridos nesta quarta-feira (6/9) em Uberlândia (MG), Bom Despacho (MG) e Criciúma (SC), referentes aos responsáveis por seguirem administrando o esquema de exploração e por manterem os alojamentos onde as vítimas viviam.
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os alvos são apontados como integrantes da organização criminosa liderada pela ex-vereadora de Uberlândia, Pâmela Volp, presa em 2006 – quando respondeu por tráfico internacional de pessoas. Até aquele momento, o domínio era apenas em Uberlândia, mas se estendeu para Santa Catarina após sua prisão. Segundo as investigações, havia intercâmbio de mulheres trans e travestis entre os dois estados.
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Em março deste ano, o MPMG e o Ministério Público do Trabalho resgataram travestis e mulheres trans que estavam alojadas em condições análogas à escravidão nas cidades de Uberlândia e de Criciúma. À época, foram encontrados quartos e camas em condições consideradas degradantes, além de geladeira trancada.
Segundo o Gaeco, as vítimas ainda eram obrigadas a guardar dinheiro para colocar próteses de silicone superfaturadas em clínicas clandestinas com médicos parceiros. Os valores eram cobrados diretamente das vítimas pela líder da organização criminosa, sendo “uma forma de submeter as mulheres trans e travestis ao esquema de exploração, com a promessa de ‘feminilização’ de seus corpos”.
A operação “Libertas”
Iniciada em novembro de 2021, a operação “Libertas” visa combater uma organização criminosa de monopólio de exploração sexual de mulheres trans e travestis que, até aquele momento, acontecia em Uberlândia e tinha como líder a ex-vereadora do município, Pâmera Volp.
Durante a investigação, Pâmela e sua filha Paula Volp foram denunciadas pelo MPMG, na mesma operação, por uma tentativa de latrocínio ocorrida em 2018 contra uma travesti, em Uberlândia. Entre os delitos cometidos pela quadrilha, estão associação criminosa, exploração sexual, manutenção de casa de prostituição, roubo, lesão corporal, homicídio, constrangimento ilegal, ameaça, posse e porte de arma de fogo.
A Justiça já definiu sentenças condenatórias referentes à reclusão de Pâmela (22 anos e seis meses); Thauana Araújo (dez anos e dez meses) e Paula Florentino (seis anos).
As provas da investigação mostram que a organização criminosa encontra-se estabelecida desde 1997 de forma permanente e estável, destinada ao monopólio da exploração sexual de travestis e de mulheres trans, além da dissimulação da origem dos bens, através da aquisição de imóveis, veículos de luxo e até mesmo mausoléu com obras sacras.
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