A Campanha “Adote um Ciclo”, do Instituto ELA (Educadoras do Brasil), ganha mais um apoiador e passa a atuar em Belo Horizonte. Até o dia 30 de outubro, o Instituto Yduqs, em parceria com as instituições de ensino Ibmec, Estácio, Wyden e IDOMED (Intituto de Educação Médica), promoverá um trote solidário de arrecadação de absorventes e coletores menstruais na capital mineira.
Além da comunidade universitária, toda a sociedade civil está convidada a apoiar a ação doando absorventes, coletores menstruais ou recursos financeiros para que o Instituto ELA possa adquirir os itens. A iniciativa busca proporcionar dignidade ao minimizar a pobreza menstrual de mulheres em situação de vulnerabilidade, e os produtos e valores arrecadados serão encaminhados para instituições que oferecem apoio a esse público.
UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e UNFPA (Fundo da População das Nações Unidas), mais de 713 mil meninas no Brasil vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro, e mais de 4 milhões não têm acesso a itens básicos de higiene menstrual em suas escolas.
Segundo dados da pesquisa “Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdade e Violações de Direitos”, divulgada em 2021 pela Trote solidário
O trote solidário propõe uma ação de integração entre veteranos e calouros nas instituições de ensino parceiras. Estudantes do Ibmec e da Estácio arrecadarão absorventes e coletores menstruais que serão encaminhados para instituições que oferecem apoio às mulheres que enfrentam a pobreza menstrual.
De acordo com o Instituto Yduqs, a ação engloba três dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que constituem um esforço conjunto de países, empresas, instituições e sociedade civil, que buscam assegurar os direitos humanos, erradicar a pobreza, combater a desigualdade e a injustiça, bem como promover a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas.
Tuca Duarte, idealizadora do "Potência Feminina de Paraisópolis", uma das organizações apoiadas pela campanha “Adote um Ciclo”, reforça que a ação também é importante para que mulheres em situação de vulnerabilidade possam ter maior participação na sociedade, e agradece.
“Muitas vezes, as mulheres não têm absorventes e me ligam. Quem puder contribuir e colaborar com este projeto, que é muito favorável para todas as mulheres periféricas, mães solo, que têm que optar entre comprar um absorvente ou um litro de leite, está aqui o meu pedido. Agradeço, em nome das mulheres que têm seu absorvente garantido todos os meses, às pessoas que abraçam a causa ajudando a campanha ‘Adote um Ciclo’”, diz.
“Sabemos que ainda há muito a ser feito, e continuaremos trabalhando para que, cada vez mais, mulheres se destaquem tanto em nossos ambientes acadêmicos quanto nas comunidades impactadas pelas iniciativas sociais das nossas instituições de ensino”, acrescenta Sabrina Petrola, gerente nacional de Ensino da Estácio.
Pobreza menstrual
A menstruação ainda é cercada por tabus no Brasil e, por isso, a discussão sobre saúde menstrual não chega a todos os públicos. O termo “pobreza/precariedade menstrual” surgiu na França a partir de um estudo sobre os efeitos da falta de itens de higiene básica durante o ciclo menstrual, e se refere à impossibilidade financeira de adquirir itens essenciais de higiene básica durante o período de menstruação.
A presidente do Yduqs, Cláudia Romano, enfatiza a importância de abordar a pobreza menstrual com seriedade. Para ela, a educação atua como ferramenta transformadora tanto para indivíduos quanto para a sociedade como um todo.
“Em um país como o nosso, sabemos que as oportunidades não são igualmente distribuídas, especialmente para mulheres. Infelizmente, é comum ver mulheres faltando às aulas ou ao trabalho por não terem acesso a absorventes. Precisamos tirar da invisibilidade questões que permeiam as mulheres na sociedade, como a pobreza menstrual”, afirma.
Em 2021, a pauta da pobreza menstrual chegou ao Congresso após a coleta de 20 mil assinaturas da sociedade civil. A Comissão de Direitos Humanos e Participação Legislativa (CDH) analisou a questão e o pleito foi transformado na Lei Ordinária Nº 14.214/2021, que instituiu o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual e determinou que o absorvente higiênico feminino deveria ser item essencial nas cestas básicas entregues pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan).
O programa foi regulamentado apenas em 2023 e assegura a distribuição gratuita de absorventes para aproximadamente 24 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade social registradas no Cadastro Único (CadÚnico), incluindo pessoas em situação de rua ou de pobreza, estudantes matriculados em escolas públicas de todos os níveis e indivíduos do sistema penal ou cumprindo medidas socioeducativas.
Serviço
Arrecadação de absorventes e coletores menstruais
Campus Prado: Rua Erê, 207
Campus Floresta: Avenida Francisco Sales, 23
Campus Venda Nova: Rua Padre Pedro Pinto, 628
Coleta acontece de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h, até o dia 30 de outubro de 2023.
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