Jornal Estado de Minas

BELO HORIZONTE

Leroy Merlin terá que indenizar pedagoga por caso de racismo

Após denúncia de racismo, a Leroy Merlin terá que indenizar uma cliente em R$ 5 mil, com juros de mora de 1% ao mês. O caso aconteceu em março deste ano, na loja localizada no Bairro Dom Joaquim. A decisão é da 3ª Unidade Jurisdicional do Juizado Especial Cível da Comarca de Belo Horizonte. 





A jovem de 34 anos, ao tentar realizar uma transação via pix, não teve o pagamento reconhecido, por causa de uma inconsistência no sistema, o que a levou a ser perseguida pelos funcionários do estabelecimento.

Segundo a vítima, ela foi até a loja comprar itens de decoração para seu quarto. A compra totalizou cerca de R$ 270, mas devido ao problema ao pagar, precisou ir ao balcão de atendimento do local, onde esperou por mais de meia hora na companhia de uma amiga, sendo tratada com descaso pela funcionária responsável.
“Uma das funcionárias tentou pegar a sacola com minha compra da mão da minha amiga. Ela e o segurança ficaram atrás da gente. Enquanto íamos para o carro, ameaçavam chamar a polícia, filmando meu carro, a mim e a minha amiga”, contou a vítima. 





A juíza Moema de Carvalho Balbino determinou que o pagamento foi comprovado na hora da compra e que o reembolso foi efetivado três horas depois, o que não é um prazo razoável. Apoiando-se nos vídeos do caso, foi atestado que a situação levou ao constrangimento de ambas as clientes.

“Ficamos felizes, não por conta do dinheiro, mas por entender que a Justiça está vendo isso, uma coisa desumana. Não foi apenas uma questão humana, mas também racial, e enquanto em nenhum caso for ‘batido o martelo’ de racismo, não conseguiremos mudar essa estrutura que tanto destrói nosso emocional”, relatou a jovem. 

A pedagoga contou que o caso deixou sequelas em sua saúde mental, tendo a necessidade de tomar medicações. Além disso, relatou sempre perguntar se o pagamento realmente ‘caiu’, com medo de a situação acontecer novamente.





O que diz a Leroy Merlin


A defesa de Leroy Merlin categorizou a situação como um ‘mero aborrecimento’ pela falha no sistema. A empresa ainda alegou que, apesar do débito ter sido feito da conta da cliente, o pagamento não foi recebido pelo estabelecimento. Em relação à conduta dos funcionários, afirmaram que a abordagem ocorreu de forma ‘polida’ e ‘sem qualquer acusação, constrangimento ou violência’.

Em nota, a empresa reafirmou não reconhecer o constrangimento causado.
“A Leroy Merlin esclarece que a sentença proferida em Primeira Instância reconhece que, na ocasião do fato, ocorreu uma inconsistência sistêmica no momento do pagamento ocasionando a não conclusão da compra, o que segundo a visão do juiz gerou constrangimento à consumidora, não havendo qualquer reconhecimento de prática discriminatória. A ação ainda pode receber recursos de ambas as partes. Contudo, a companhia reitera que busca constante desenvolvimento para aprimorar processos, tratativas e a comunicação respeitosa com todos os clientes, e que adotou todas as medidas necessárias para evitar que casos como este não se repitam!", disse a Leroy, por meio de nota.

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata