Jornal Estado de Minas

MAIS UMA POLÊMICA

Influenciador PcD registra B.O contra Léo Lins por comentários capacitistas

O influenciador Ivan Baron publicou, na segunda-feira (18/9), em suas redes sociais, uma nota de repúdio contra o comediante Léo Lins. De acordo com Baron, que participou da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao subir a rampa com representantes de outras comunidades minorizadas, acusou Lins de ataques capacitistas durante um show de stand-up e registrou um Boletim de Ocorrência por injúria.





No trecho do stand-up intitulado "Peste Branca" que viralizou nas redes sociais, Léo Lins critica a militância da esquerda, afirmando que ela “não se entende”. “Esse cara fez a Renner mudar as placas em que estava escrito ‘atendimento de prioridade para pessoas com necessidades especiais’. Ele falou que aquilo é preconceituoso, é pessoa com deficiência. E aí o grupo de mães entra falando ‘não pode zombar de pessoas com necessidades especiais. Meu Deus do céu, militância não se entende, é absurdo”, disse ele no show.

Ao citar Ivan, Lins teria feito os trejeitos do influenciador para descrevê-lo. Para Baron, o comediante o imitou “de maneira extremamente ofensiva” durante a fala e que “esses atos são criminosos e não podem mais ser tolerados nos tempos em que vivemos, principalmente quando nos propomos a lutar por uma sociedade mais inclusiva e aberta para a diversidade”.

De acordo com registro policial, o episódio ocorreu no dia 9 de setembro, em Rondonópolis (MT). Segundo o advogado de Baron, Ronny César Nascimento de Oliveira, a defesa já está preparando uma ação judicial contra Lins que, de acordo com o profissional, cometeu inúmeros crimes contra a honra e foi contra a Lei Brasileira de Inclusão.




Em suas redes sociais, o influenciador também reforçou que “não dá mais para tratar como algo que não existe, mas existe, sim, e grita por justiça. Acredito que a impunidade não pode se sobressair”.
 
 
 
“Assistindo ao conteúdo, foi impossível não sofrer relembrando vários gatilhos que precisei passar durante todo o processo de aceitação da minha deficiência (paralisia cerebral) e me senti, mais uma vez, humilhado por uma pessoa que não teme as consequências que a suposta ‘piadinha’ pode causar na vida do outro”, escreveu Ivan em um trecho de seu desabafo publicado no Instagram.

“Até quando quem não pertence a um padrão de linguagem e expressão terá que sofrer refém desse tipo de violência? Nós, pessoas com deficiência, queremos ser livres, parar de temer por sermos diferentes”, complementou.




 

Histórico de polêmicas

No mesmo show do trecho viralizado, Léo Lins – já conhecido por seu humor “politicamente incorreto" – também zomba de pessoas que possuem outras deficiências, como esquizofrenia, autismo e hidrocefalia. “Portadores de autismo, portadores de esquizofrenia, portadores de hidrocefalia. Portador? O cara vai no mercado ‘completa aí, enche a cabeça com 10L. Pode botar bastante, bota um pouco mais, que Cuiabá é quente e vai evaporar metade’. Portador de hidrocefalia. Pelo amor de Deus”, disse ele.

O comediante foi acusado recentemente de promover discurso de ódio contra pessoas com deficiência, negros e nordestinos e, no início de setembro, o comediante se tornou réu por promover conteúdo discriminatório a pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP). 

Seu canal do YouTube e perfil do TikTok foram suspensos por 90 dias, e ele teve R$ 300 mil bloqueados em suas contas bancárias após ser constatado que Lins divulga “conteúdos capazes de humilhar, constranger e injuriar minorias”. Caso seja condenado, sua pena poderá variar de quatro a dez anos de reclusão.





A denúncia do MPSP tem como base o artigo 88 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.146/2015), que prevê multa e prisão para quem discriminar uma pessoa por causa de sua deficiência, e o artigo 20 da Lei nº 7.716/1989, que visa combater crimes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Em maio deste ano, Léo Lins foi alvo de uma medida cautelar da Justiça de São Paulo que determinou a retirada de seu especial de comédia chamado “Perturbador” de todas as plataformas digitais e proibiu o comediante de “realizar, em suas apresentações, quaisquer comentários, bem como de divulgar, transmitir ou distribuir, quaisquer arquivos de vídeo, imagem ou texto, com conteúdo depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável”.

Em suas redes sociais, ele protestou: “16/05/2023, 15:00, um show de humor é removido da internet a mando do Ministério Público”, compartilhou Lins em suas redes sociais. Nos comentários da publicação, ele ainda escreveu: “quem será o próximo?”.




 

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