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Peça Mata rasteira aborda a luta dos negros contra a escravidão

Montagem que estreia nesta sexta-feira (8), no Sesc Palladium, mostra os impactos da escravatura sobre o Brasil contemporâneo


postado em 08/03/2019 05:02

Peça com Rodrigo Negão discute os impactos da escravidão no Brasil(foto: Flávio Patrocínio/divulgação)
Peça com Rodrigo Negão discute os impactos da escravidão no Brasil (foto: Flávio Patrocínio/divulgação)

Rebeliões em senzalas, a resistência dos quilombos e a luta dos negros desde a época do Brasil colônia. Esse é o tema de Mata rasteira, peça que estreia nesta sexta-feira (8), no Sesc Palladium, e fica em cartaz até 17 de março. A produção é dos integrantes do grupo Caras Pintadas, Rodrigo Negão e Gabriel Coupe, que adaptaram o romance homônimo de Abner Laurindo. O autor vai bater papo com o público depois da sessão de hoje.

Rodrigo Negão interpreta Nlongi, angolano capturado por portugueses e obrigado a trabalhar em uma plantação de cana no Brasil. Durante uma rebelião, ele escapa e ergue um quilombo. O enredo enfatiza a resistência ao cativeiro e os reflexos da escravidão na sociedade contemporânea.

A ideia da peça surgiu em 2017, durante encontro de Negão e Abner Laurindo no projeto Miss Afro, em Sorocaba (SP). “Houve identificação pelo fato de Rodrigo ser capoeirista. A faísca surgiu da capoeira, trabalho de preparação corporal do ator e também estilo de vida”, conta o diretor Gabriel Coupe.

A montagem se baseia em extensa pesquisa bibliográfica a partir do trabalho de historiadores como Clóvis Moura. A partir dos anos 1950 e 1960, esse especialista abordou a reação dos negros à escravidão. “Antes do abolicionismo, a única forma de resistência era a luta dos próprios escravos nos mocambos e quilombos”, observa o diretor.

Coupe diz que não pretende estimular debates com base em opiniões ou ideologias, mas em dados científicos. “Mostramos como esse tipo de resistência ocorre até hoje e como o escravismo é fundante da sociedade contemporânea, desigual e despolitizada”, afirma. Na opinião dele, a ausência de ferramentas que levem à mudança estrutural da sociedade brasileira é sintoma da “falsa abolição”.

“Essa abolição formal converteu escravos em maus cidadãos, em pessoas que não conseguem ser plenas na sociedade, pois são historicamente alijadas de direitos”, diz Coupe.

A representatividade também vai entrar em cena. O diretor destaca o fato de a equipe da peça ser majoritariamente negra. “Só tem um branco, a cota”, brinca.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

MATA RASTEIRA
Direção e dramaturgia: Gabriel Coupe. Concepção e atuação: Rodrigo Negão. Em cartaz até 17 de março. Sessões às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h. Teatro de Bolso do Sesc Palladium. Avenida Augusto de Lima, 420, Centro. R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).


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