Ministros de Economia do Brasil, Rússia, Índia e China - os países Bric -, além de África do Sul, realizarão na sexta-feira, em Paris, uma reunião paralela à agenda do G-20 ministerial, promovida pelo governo francês. A intenção oficial do encontro é “trocar ideias” sobre as propostas que serão levadas às mesas de trabalho até o sábado, mas na prática o grupo discutirá restrições à questão cambial e aos indicadores de desequilíbrios impostas pela China, e à regulação do mercado de matérias-primas (commodities), que desagradam ao Brasil.
O encontro dos Brics em Paris, que acontecerá em alto nível, com a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do assessor Internacional do ministério, embaixador Carlos Cozendey, sintetiza o estado atual das negociações no interior do G-20: a divisão clara entre países desenvolvidos e emergentes antes mesmo do início da chegada das autoridades a Paris. Nos bastidores, os negociadores da França se mostram preocupados com a oposição dos interesses
Pela vontade do governo francês, um acordo seria selado ainda em Paris, permitindo que as demais reuniões intermediárias até o G-20 de Cannes, em novembro, tivessem outros temas. Pela proposta francesa, chamada de “linhas diretivas”, além do comércio exterior, a dívida pública e o desequilíbrio das contas correntes seriam critérios a serem incluídos nos indicadores. Tudo para reequilibrar o balanço dos modelos macroeconômicos adotados por ricos e emergentes.
Os apelos por mais equilíbrio não estão sensibilizando China e Índia, cujos negociadores consideram as propostas como intrusão em suas políticas econômicas. Os dois países não aceitam que seu modelo - baseado no câmbio favorável e nas exportações crescentes - seja posto em questão.
Já o Brasil, com apoio da Argentina, não aceita interferências no mercado de matérias-primas. Ontem, em Brasília, Guido Mantega voltou a descartar qualquer possibilidade de acordo sobre a proposta francesa, que projeta regulação dos derivados de matérias-primas nos mercados financeiros.