O grupo das 20 maiores economias do mundo (G-20) atribui os principais riscos para a recuperação global ao aumento dos preços das commodities (matérias-primas), ao potencial superaquecimento das economias emergentes e aos problemas das dívidas soberanas nos países desenvolvidos. A afirmação consta no esboço do documento que será divulgado no sábado, durante a reunião dos ministros de Finanças e autoridades dos bancos centrais do grupo, em Paris. A declaração preliminar também afirma que cortes orçamentários, taxas de câmbios mais livres e reformas estruturais estão entre as prioridades políticas do grupo.
O rascunho do documento afirma que os países desenvolvidos e os em desenvolvimento concordaram sobre um "conjunto limitado" de indicadores para avaliar os grandes desequilíbrios econômicos, mas o comunicado sugere que esses indicadores ainda terão de ser determinados.
O G-20 pede no documento preliminar "uma ação política coordenada" para assegurar "o crescimento equilibrado e sustentável" para a economia mundial. Segundo o G-20, a recuperação está "progredindo em linha" com as expectativas do grupo, mas ainda é considerada irregular. "Enquanto a maior parte das
"Os riscos de desaceleração permanecem, incluindo as atuais tensões nos mercados de dívida soberana das economias avançadas, as pressões inflacionárias que, juntamente com os fluxos significativos de capital nas economias emergentes, criam riscos de bolhas de ativos, além dos preços das commodities que levantam preocupações sobre a sustentabilidade do crescimento e a segurança alimentar".
O G-20 desenvolverá diretrizes para avaliar os desequilíbrios globais antes da sua próxima reunião, em abril, afirma o rascunho. A questão provou-se polêmica nas últimas reuniões do G-20, com os Estados Unidos pedindo que as maiores nações "poupadoras", como a China, Alemanha e o Japão, façam mais para impulsionar o consumo doméstico ao invés de basear o crescimento de suas economias nas exportações.
Câmbio
As taxas de câmbio deverão ter lugar proeminente nas discussões, com os EUA e potências emergentes, como o Brasil, dizendo que a China desvaloriza deliberadamente sua moeda para beneficiar seus exportadores. A China, por sua vez, acusa os EUA de usar a política monetária frouxa para desvalorizar o dólar, que também serve como principal moeda de reserva mundial.
O esboço reconhece que as "tensões e as vulnerabilidades são claramente aparentes" no sistema monetário internacional, e pede melhorias "para assegurar a estabilidade sistêmica e evitar maiores flutuações das taxas de câmbio e dos fluxos de capital".
O documento prevê que a reunião do G-20, em Paris, levará a um plano de trabalho para fortalecer o sistema monetário, incluindo medidas para administrar os fluxos de capital e a liquidez global. O esboço do comunicado também diz que o grupo irá discutir os relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial, e de outras instituições, sobre o sistema monetário e controles de capitais.
O rascunho também expressa preocupação sobre o impacto da volatilidade dos preços das commodities, incumbindo os membros do G-20 a criarem um plano de ação. O G-20 diz no documento preliminar que pedirá ao FMI e a outras instituições que recomendem medidas para reduzir a volatilidade excessiva dos preços da gasolina e do carvão.