O desemprego é um fenômeno da população mais jovem, segundo afirmou nesta quarta-feira Bruno Marques, técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), durante divulgação de dados sobre o mercado de trabalho brasileiro. Levantamento apresentado nesta manhã pelo instituto revelou que a maior parte das pessoas que estão fora do mercado, apesar de se esforçarem para integrá-lo, está com idade entre 18 e 29 anos.
Embora esse grupo responda por apenas cerca de 30% da amostra do instituto, perfazem 54% dos desempregados. A pesquisa detectou que cerca de 45% dos
"Uma parcela importante dos desempregados encontra-se, portanto, exposta ao desemprego de longa duração, situação preocupante tendo em vista a possível perda de habilidades e vínculos profissionais que daí decorre", afirmou a sondagem do Ipea.
Marques salientou, porém, que a cobertura do seguro-desemprego é de no máximo cinco meses, com média de quatro meses, o que identifica uma lacuna em termos de proteção social. "O seguro-desemprego deixa de cobrir uma parcela significativa de pessoas e é uma questão que se precisa estudar", afirmou o técnico do Ipea à imprensa.
A pesquisa verificou também que as expectativas salariais para esse grupo de pessoas são relativamente baixas, já que mais de 40% dos participantes responderam aceitar um valor igual ou até menor do que o salário mínimo atual (R$ 510). Cerca de um quarto dos entrevistados identificaram a falta de qualificação ou experiência como o principal obstáculo nas seleções de emprego.
Negócio próprio
Poucos participantes da pesquisa, segundo o Ipea, mencionaram o desejo de abrir um negócio próprio, que seria uma alternativa ao emprego assalariado. "Em outros países, esta resposta provavelmente teria um peso maior. No Brasil, a porcentagem é baixa", comparou Amorim.
Segundo ele, o peso da situação da economia é um dos itens mais importantes para se ampliar o mercado de trabalho na avaliação dos que participaram da pesquisa do instituto. "Há a percepção de que a economia crescendo, com pessoas comprando, é muito mais importante para melhorar a situação do que o crédito e os impostos", explicou.
Dos que atuam por conta própria, o Ipea identificou que é baixa a contribuição com a Previdência Social. Para a maioria, porém, a não contribuição tem uma explicação clara: a consideração de que o rendimento é baixo. "Resumidamente, dizem que não têm renda para contribuir. Isso dá para ver como a questão da renda é importante. Apenas 6% acham que o valor pago pelo benefício é baixo. Ou seja, as pessoas querem contribuir, mas acham que não tem renda para tal", observou Amorim.