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Estado de Minas

Acontecimentos na Líbia fazem saltar os preços do petróleo


postado em 21/02/2011 14:34 / atualizado em 21/02/2011 14:36

PARIS - A violência na Líbia, um país exportador de petróleo atingido pela contestação que se amplia no mundo árabe, preocupa o mercado e faz irromper as cotações do ouro negro, mesmo se as reservas não estejam ainda ameaçadas, segundo os analistas.

Os preços do Brent do Mar do Norte, de referência, ultrapassaram na manhã desta segunda-feira os 105 dólares em Londres, o que não acontece desde 2008, enquanto que seu equivalente americano, o "light sweet crude" (WTI) registrou o nível mais elevado em duas semanas, a 89,78 dólares.

"A violência na Líbia é o principal fator desta alta de preços", destaca uma nota do Commerzbank, enquanto um analista da Forex.com observa que "a agitação política (no país) assusta o mercado de matérias-primas".

"O mercado leva em conta o fator risco", explica Pierre Terzian, diretor da revista 'Petrostratégies'. "A Líbia é um produtor importante no Mediterrâneo, com produção de mais de 1,5 milhão de barris por dia (...) e o impacto na bacia do mediterrâneo pode ser significativo", destaca ele.

A Líbia, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), é um dos quatro principais produtores da África junto com a Nigéria, Angola e Argélia. Sua produção é avaliada entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de barris/dia, com reservas estimadas em 42 bilhões de barris, segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE) e da Agência americana de Informação sobre Energia (EIA).

Tripoli é, principalmente, um importante fornecedor dos países europeus, com mais de 400.000 barris exportados diariamente para a Itália; 178.000 para a Alemanha; 133.000 para a França e 115.000 para a Espanha, segundo estatísticas de 2009.

A situação de violência levou várias grandes companhias estrangeiras operando na Líbia a anunciar o rapatriamento de seu pessoal não indispensável no país - medida comum neste tipo de crise, mas que não afeta, por enquanto, a produção de hidrocarbonetos, segundo Pierre Terzian.

"Por enquanto, há como substituir os estoques líbios. Mas se as exportações do país pararem, vamos nos deparar com problemas estratégicos, porque será necessário, então, substituí-las", considera Christophe Barret, analista do Crédit Agricole em Londres.

Segundo ele, os riscos de escassez são fracos, em relação aos estoques elevados nos países da OCDE e à capacidade excedente de produção da Opep, que repousa em grande parte na capacidade da Arábia Saudita, primeiro produtor mundial de petróleo.

"O Brent é o que está mais vulnerável no momento", destaca David Hart, analista da Westhouse Securities, em Londres. Mas, prossegue ele, "se as coisas se agitarem, o impacto no mercado do petróleo será ainda maior e observaremos fortes altas" no bruto, cotado em Nova York.

Nestas condições, o mercado perscruta os mínimos sinais de contágio ao restante da região, da Argélia, a Bahrein, passando pelo Irã, todos atores importantes no setor de hidrocarbonetos e onde manifestantes reclamam mudanças políticas.

"Se a Líbia mais o Irã pararem por algum tempo, os preços incendiariam" o mercado, cita Barret como exemplo.

"A situação não se limita apenas à Líbia. O mercado funciona em conjunto, pelo que se pode acompanhar uma espécie de efeito dominó", destaca por sua vez David Hart.


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