Os turistas mineiros querem passar longe da onda de protestos no Oriente Médio e no Norte da África. A demanda por pacotes para países, como Síria, Líbia, Jordânia e Egito está praticamente nula nas agências de turismo na capital. As viagens estão sendo canceladas até mesmo para o segundo semestre do ano. No Egito, a rede hoteleira e operadoras de turismo local fazem oferta pela metade do preço para tentar reativar as visitas ao país. Diária de hotel que era comercializada por US$ 200, por exemplo, está em oferta por US$ 100.
“Desde segunda-feira que estamos vendo muitos roteiros para o Egito pela metade do preço. É para estimular o passageiro a voltar a viajar”, afirma José Carlos Vieira, diretor regional da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav). As promoções, diz, são bem-vindas, mas é preciso cautela na hora de escolher o roteiro. “É período de transição, de mudança de governo. É sempre bom esperar um pouco”, ressalta. Com a crise no Oriente Médio, destinos como Espanha, Portugal, França, Itália e Ilhas do Atlântico ganham mais espaço, segundo as agências de viagens.
A Master Turismo ia viajar com um grupo de 25 pessoas para o Egito, Jordânia, Síria e Líbano em setembro deste ano, mas decidiu mudar o roteiro. “A situação está meio delicada, vamos deixar para o próximo ano. As pessoas não estão querendo ir para lá nem de graça”, afirma Fernando Dias, diretor da Master Turismo. O roteiro da viagem mudou para Istambul (Turquia) e ilhas gregas. “As viagens são programadas com muita antecedência e o momento está meio nervoso no Oriente Médio. Não estamos recomendando”, diz Dias.
A dona de casa Mônica Abras é uma das organizados do grupo que ia embarcar para o Egito, Jordânia, Síria e Líbano. O tour estava programado para durar cerca de 19 dias, com valor médio de US$ 8 mil (R$ 13,6 mil) por passageiro. “Aquela região é um barril de pólvora, não dá para fazer previsão. Corremos para um plano B”, afirma Mônica.
Outros países, como Marrocos, também entraram para a lista de temores dos turistas. A arquiteta Graziela Mansur está com viagem marcada para o país em abril, onde pretende passar uma semana. “Já conheço a maioria dos países da Europa. Queria ir para um lugar diferente, conhecer nova cultura. Mas os conflitos já começaram em Marrocos. Se piorarem, vou ter que adiar a viagem ou mudar o destino”, afirma Graziela.
Gasto recorde no exterior
Os gastos com viagens internacionais e compras com cartão de crédito em lojas no exterior bateram recorde pelo segundo mês seguido em janeiro. Segundo dados do Banco Central, foram US$ 1,74 bilhão em despesas fora do país, o que contribuiu para o déficit de US$ 5,409 bilhões nas transações correntes. O resultado é pior do que os US$ 3,82 bilhões de déficit em janeiro de 2010.