As taxas de juros não devem ter mais aumento tão forte como o observado em janeiro deste ano, segundo estimativa do chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.
"A gente não espera obviamente esse ritmo de crescimento da taxa de juros observada em janeiro. É um aumento relativamente alto, se olhar a série histórica. É natural que isso não venha a se repetir", disse Maciel.
De acordo com o BC, o aumento das taxas de juros em janeiro foi influenciado pelas medidas macroprudenciais anunciadas em dezembro de 2010. A instituição adotou medidas de redução da liquidez no mercado financeiro e de restrição de crédito com prazos mais longos, principalmente financiamento de veículos. “O impacto das medidas macroprudenciais é mais efetivo nos primeiros meses. Há uma mudança das condições das operações e isso se reflete nas taxas de juros em janeiro”, destacou Maciel.
As concessões de crédito para a compra de veículos em janeiro em relação a dezembro caíram 33,5%. No total, as concessões para pessoas físicas tiveram queda de 9,3%. No caso das empresas, a redução no período foi de 19,1%. Segundo Maciel, a queda nas concessões para pessoas jurídicas é típica desta época do ano.
Sobre a inadimplência, Maciel afirma que não há preocupação. “Neste momento, a inadimplência mostra-se comportada, dentro do que esperávamos”. Segundo ele, o prazo médio das operações, que deve cair, e o aumento da renda e do emprego são fatores que devem contribuir para manter a estabilidade da inadimplência.
No mês passado na comparação com dezembro, a inadimplência das empresas subiu 0,1 ponto percentual, para 3,6%, e no caso das pessoas físicas ficou estável em 5,7%. O BC considera inadimplência os atrasos superiores a 90 dias.
Os dados preliminares do BC mostram que a taxa média de juros para as pessoas físicas caiu 0,3 ponto percentual, neste mês, até o dia 11 (nove dias úteis), em relação à de janeiro. Para as empresas, houve elevação de 0,8 ponto percentual.
A média diária de concessões, neste mês até o dia 11, subiu 3,6%, comparada com a de janeiro, para as pessoas físicas. No caso das empresas, a alta foi de 18,5%. Segundo Maciel, é preciso ter cautela com os dados parciais, que podem se alterar ao longo do mês.