O desligamento sucessivo das usinas nucleares Angra 1 e 2 do sistema elétrico nacional, nos últimos dias, não trará problemas para o abastecimento de energia no país. A avaliação é do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
Angra 1 já voltou ao Sistema Interligado Nacional (SIN), mas Angra 2 ainda não tem previsão de retorno. A expectativa da Eletronuclear é que isso ocorra possivelmente na sexta-feira.
Sobre o aumento do consumo de energia no começo do ano, Tolmasquim afirmou que a expansão de 6,5% em janeiro está, em parte, relacionada à queda provocada pela crise internacional de 2008/2009. Segundo ele, o consumo da indústria nacional cresceu muito no primeiro mês deste ano, sobretudo na Região Sudeste (9,6%), enquanto a demanda residencial foi puxado pelas regiões Norte e Nordeste, sobressaindo-se o estado da Bahia, com aumento do consumo de 16%.
“Isso é consequência da venda de equipamentos. Para se ter uma ideia, a venda de eletrodomésticos aumentou 18%, em 2010, e a venda de computadores pessoais cresceu 23% no ano passado em relação a 2009. Ou seja, como o Nordeste está tendo um grande aumento da renda, isso faz com que a população nordestina e da Região Norte esteja incorporando muitos eletrodomésticos, e isso leva a um aumento do consumo de energia elétrica”, afirmou.
O setor de comércio e serviços, de acordo com Tolmasquim, seguiu a mesma tendência de expansão do consumo de eletricidade. “Isso está ligado também à questão da renda. Tem um grande aumento (24%) de vendas de equipamentos, de material de escritório, informática e comunicação, e um aumento muito grande de uso de aeroportos, devido ao aumento do turismo”.
O presidente da EPE destacou a ampliação de 20% nos desembarques domésticos e internacionais em 2010, o que, segundo ele, “mostra a força da atividade de turismo, que está crescendo muito”. Tolmasquim entende que a expansão de 6,5% observada no consumo de energia elétrica em janeiro mostra o vigor da indústria e o efeito do aumento da renda, além do número de novas ligações, ou seja, de novas residências.
A projeção da EPE para 2011 é de ampliação do consumo em torno de 5%, “porque, justamente, a gente vai diminuindo o efeito de ter tido uma recessão no mundo, que afetou o Brasil. Isso tem um efeito menor agora”, afirmou Maurício Tolmasquim.