Passageiros que tentavam embarcar no voo TAM 8096 no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na noite desta quinta-feira se revoltaram contra as medidas adotadas pela companhia aérea depois vários de seus voos sofreram atrasos e foram cancelados na tarde do mesmo dia, fazendo com que o 8096 não decolasse no horário previsto para Guarulhos (SP). A confusão ocorreu com os passageiros internacionais, que se conectariam com voos para Frankfurt, Milão, Nova York e Buenos Aires a partir do terminal paulista.
Os passageiros prejudicados acusaram a TAM de overbooking. "Uma funcionária me mostrou a tela e vi que estava lotado, por isso não consegui embarcar", disse a psicóloga Silvânia Garavelo, que estava com bilhete marcado para Milão, na Itália. A solução da TAM para Silvânia foi reacomodá-la, a contra-gosto da passageira, em um voo da TAP para Lisboa 24 horas depois. Da capital portuguesa, ela segue num voo da Lufthansa para Milão, chegando ao seu destino (caso não haja mais atrasos) quase 30 horas depois do esperado. Na confusão houve bate boca entre funcionários e passageiros.
Uma funcionária da TAM, que se identificou apenas como Dayse, responsável pela área de check-in da companhia em Confins, disse que não houve overbooking e que os problemas ocorreram por problemas metereológicos. Questionada por passageiros sobre a operação normal de outras companhias aéreas, outra funcionária da TAM admitiu que a falha foi operacional, com o cancelamento de alguns voos durante o dia.
Overbooking
A nutricionista Michelle Vasconcelos estava com compromisso profissional na tarde de sexta-feira em Nova York. Ela embarcaria em um voo doméstico da TAM até o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que partiu de Confins às 19h. De lá, faria uma baldeação até o Aeroporto Internacional de Cumbica, onde embarcaria em um voo da American Airlines para o Aeroporto de LaGuardia, em Nova York, com conexão em Miami.
No check-in, uma funcionária da empresa aérea convidou a nutricionista a embarcar no 8096 que a deixaria diretamente em Guarulhos. "Aceitei a proposta, mas a funcionária disse que eu estaria ajudando a TAM, uma vez que o voo para Congonhas estava lotado e estava em lista de espera, assim a companhia também me ajudaria evitando o transtorno da troca de aeroporto em São Paulo", explicou. O que Michelle não sabia era que o voo 8096 também estava cheio e muito atrasado, fato que, segundo ela, não foi comunicado pela TAM. A passageira procurou, então, a loja da TAM em Confins para ser reacomodada no voo 8058, que decolou às 22h57 com destino a Miami. Tentativa falha, pois o voo também estava lotado.
Uma funcionária da TAM que não quis se identificar confirmou à nossa reportagem que o voo direto para Miami também deu 'over' e que ninguém mais conseguiria embarcar. Michelle foi colocada no voo de 06h para Guarulhos, de onde segue para Nova York. "Quem vai pagar meu prejuízo? Perdi um dia de trabalho, havia reservado um carro numa locadora de LaGuardia e agora me colocam num voo no dia seguinte para outro aeroporto, longe do meu hotel e com risco de não conseguir mais alugar o veículo", conta.
A estudante Débora Bonfin, de 15 anos, que mora no interior de Minas Gerais, estava com voo marcado para a Itália. Era sua primeira viagem internacional e estava acompanhada pelo tio. "Não sei o que vou fazer, eles não me ofereceram nem um copo de água", disse chorando. A nenhum passageiro prejudicado foi oferecido algo para compensar o transtorno. "Nenhum funcionário me perguntou se eu estava precisando de alguma coisa", completa a adolescente.
Os passageiros prejudicados procuraram a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), mas a agência não possui mais sala em Confins. Um funcionário da Infraero, que atendeu os passageiros da TAM, orientou o grupo que entrasse em contato por telefone pelo número 0800-727-1234. Após seis horas de espera no aeroporto, a companhia disponibilizou vouchers para lanche e hospedagem aos passageiros que tiveram seus voos remarcados. Um funcionário da Infraero de plantão no incío da madrugada deesta sexta-feira informou que só pelo fato da empresa oferecer os vouchers, já indica que houve descumprimento do serviço de transporte e salientou a importância de guardar todos os comprovantes, além de fazer a reclamação formal à ANAC, para futuros processos judiciais.
A ANAC registrou a reclamação dos passageiros que ligaram para o atendimento 24 horas e disse que vai verificar com a companhia aéra o real motivo dos cancelamentos.