Depois de dar posse a Altamir Lopes na diretoria de Administração e a Sidnei Marques na cadeira de Liquidações e Controle de Operações de Crédito Rural, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, começa a definir os últimos nomes que vão compor o primeiro escalão da instituição. A ideia é que dois nomes do mercado financeiro sejam escolhidos para arejar a casa, hoje dirigida exclusivamente por funcionários de carreira, e ampliar o debate sobre a política monetária. Além de Zeina Latif, economista para a América Latina do Royal Bank of Scotland (RBS), cotada para a área de Estudos Especiais, voltou a despontar o nome do economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, para a diretoria de Assuntos Internacionais.
Barros conta com a simpatia do Palácio do Planalto e a expectativa é de que até o próximo Comitê de Política Monetária (Copom), em 19 e 20 de abril, tanto ele quanto Zeina já tenham sido sabatinados pelo Senado e nomeados — a exemplo do que ocorreu com Altamir e Marques entre fevereiro e março, antes da última reunião. Tombini vem dizendo que não há pressa para as nomeações. Mas, nos bastidores, admite a prioridade em completar a diretoria do BC.
No organograma atual do BC, Luiz Awazu Pereira figura como diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro, cargo no qual será confirmando, e como diretor de Assuntos Internacionais. “Esse acúmulo de funções está próximo do fim. Tombini quer resolver logo as próximas nomeações, que só dependem do aval definitivo da presidente Dilma Rousseff”, disse um assessor do Planalto.
Ele ressaltou que Barros e Zeina são vistos como bons nomes dentro do governo e pelo mercado financeiro. “São pessoas qualificadas o suficiente para ampliar o debate na diretoria do BC. Mas vamos esperar mais um pouquinho. Em se tratando de governo, pode haver algum contratempo e um novo ou novos nomes surgirem no circuito”, destacou o assessor.
Marques e Altamir, nomeados na semana passada, foram empossados em caráter de urgência. O Planalto tinha pressa em dar nomes de credibilidade para o Copom antes da reunião passada. A imagem da autoridade monetária e do próprio governo tem sido colocada em cheque, tanto pelo ceticismo do mercado em relação às estratégias de política monetária quanto pela inflação que vem corroendo o bolso dos eleitores de Dilma.
Perspectivas para 2011
» De olho nas medidas que poderão ser adotadas pelo governo para conter o processo de valorização do real, o mercado financeiro mantém firme a aposta de que o dólar fechará este ano valendo R$ 1,70. Pela pesquisa Focus, a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,75%, subirá até os 12,50% ao ano. Já os preços administrados deverão ter alta média de 4,5%.
A previsão para o indicador que reajusta os aluguéis, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), piorou pela oitava vez seguida e chegou a 6,87%. A estimativa para a dívida líquida do setor público frente ao Produto Interno Bruto (PIB) foi elevada de 39,26% para 39,50%. A previsão de crescimento da produção industrial foi mantida em 4,10%.
Em relação às contas externas, houve melhoria na expectativa para o deficit em conta-corrente, que passou de US$ 66,2 bilhões para US$ 65,5 bilhões. A perspectiva para o saldo da balança comercial manteve-se em US$ 13 bilhões e para os investimentos estrangeiros diretos, em US$ 42 bilhões.