Os planos de novos empreendimentos na área de petróleo no Rio têm despertado o interesse do setor privado, mas o sucesso dos projetos depende também de avanços na cidade em áreas como segurança pública, infraestrutura e educação.
Na opinião de Carlos Tadeu Fraga, gerente-executivo do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, é preciso investir “para que as pessoas que vêm para o Rio possam se deslocar adequadamente” e para garantir a formação de engenheiros e mão-de-obra especializada.
“Precisamos formar mais engenheiros para poder atender a toda a demanda da indústria do petróleo e também para atuar em outras áreas, como o conjunto de obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada”, diz Fraga.
Reivindicações de melhorias no transporte e na segurança são comuns entre quem estuda ou trabalha na Ilha do Fundão, onde ficam o Cenpes, o campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o parque tecnológico da universidade.
“Na ilha, temos uma vizinhança com condições de vida muito precárias e deficiências importantes de infraestrutura”, diz Maurício Guedes, diretor do Parque Tecnológico da UFRJ.
Transporte e assaltos
A ilha fica a 12 quilômetros do centro da cidade, perto do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim e do conjunto de favelas do Complexo da Maré.
Os acessos têm fortes engarrafamentos nos horários de pico, e o serviço de transporte público no local é escasso.
Fraga diz esperar que a situação do trânsito melhore após a conclusão de um viaduto que está sendo construído para desafogar os acessos à ilha, prevista para este ano.
Mas a segurança também é uma preocupação para quem estuda ou trabalha no local, que tem grandes áreas vazias e isoladas. Pelo menos seis professores e funcionários foram assaltados no estacionamento da universidade desde o início do ano letivo.
Desafios
A expansão das atividades de pesquisa na área de petróleo no Rio é impulsionada pelas descobertas no pré-sal, que tem reservas de petróleo em profundidades que podem chegar a 7 mil metros.
O diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe-UFRJ, Segen Estefen, traça um paralelo entre o que a corrida espacial representou para os Estados Unidos e o que o pré-sal pode representar para o Brasil.
“O processo de desenvolvimento de tecnologias para o pré-sal pode conduzir o país a um novo patamar de desenvolvimento e a uma liderança no cenário internacional”, afirma Estefen.
Mas, para o diretor da Coppe, é importante que os investimentos sejam aproveitados para tomar a dianteira em outras áreas, como o desenvolvimento de energias alternativas e de tecnologias para a exploração do mar.
“O grande desafio é trabalhar para poder explorar o pré-sal, mas vislumbrando uma economia do pós-petróleo”, conclui.