Na esteira das descobertas de petróleo na camada do pré-sal, o Rio conta com a promessa de investimentos milionários para se firmar nos próximos anos como um importante pólo de pesquisas para os setores de óleo, gás e energia.
Até 2014, diversas multinacionais terão centros de pesquisa operando na Ilha do Fundão. Terão como vizinhos o principal campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Cenpes – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, da Petrobras.
Em meados do ano passado, a IBM inaugurou um centro de pesquisas voltado para energia no Rio. Gradualmente, terrenos da ilha estão se transformando em canteiros de obras para abrigar centros de inovação de empresas como FMC Technologies, GE, Halliburton, TenarisConfab, Baker Hughes e Usiminas.
A maioria ficará no Parque Tecnológico da UFRJ, área criada em 2003 para receber empresas e promover pesquisas em parceria com a universidade.
De acordo com Maurício Guedes, diretor do parque, mais de R$ 500 milhões de investimentos foram anunciados na Ilha do Fundão só em 2010.
“O Rio será o grande cluster de inteligência do petróleo”, diz Segen Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe-UFRJ).
Laboratórios
A capacidade de pesquisa vem sendo expandida também na área acadêmica. Segundo Estefen, a Coppe investiu R$ 200 milhões para construir 12 novos laboratórios na área de energia – “a maioria focada no pré-sal” – entre 2008 e 2010.
Já a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) deve inaugurar no ano que vem o Núcleo Regional de Competência em Petróleo e Gás, construído com apoio da Petrobras.
Os investimentos são de mais de R$ 100 milhões. O prédio de sete andares vai abrigar 15 laboratórios para pesquisas no setor, bem como um centro para gerenciamento de crises à distância.
Cliente de peso com sede no Rio, a Petrobras tem impulsionado a chegada de empresas à cidade e investido na construção de laboratórios em universidades.
Estímulo
A atividade de pesquisa é estimulada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). De acordo com Carlos Tadeu Fraga, gerente-executivo do Cenpes, uma cláusula na regulação da exploração do petróleo determina que as companhias exploradoras invistam 1% de seu faturamento anual em pesquisa e desenvolvimento.
No caso da Petrobras, isso representou um total de US$ 800 milhões por ano entre 2008 e 2010. Fraga diz que a estatal procura estimular o desenvolvimento de tecnologias nacionais, firmando parcerias com universidades e empresas.
“Como a Petrobras tem uma escala muito grande, hoje temos condições de convidar e atrair nossos grandes fornecedores para que instalem no Brasil centros tecnológicos de ponta”, diz Fraga. “O sucesso tem sido grande.”
O próprio Cenpes expandiu sua capacidade de pesquisa para atender às demandas do pré-sal: em outubro do ano passado, o centro foi reinaugurado após duplicar sua estrutura, com investimento de US$ 700 milhões. Hoje, conta com 800 pesquisadores e 137 laboratórios.
“Passamos a ser o maior centro de pesquisas do hemisfério sul e estamos entre os quatro maiores do mundo”, afirma Fraga.
O gerente do Cenpes diz ainda que a concentração de centros de pesquisa na Ilha do Fundão faz lembrar a formação do Vale do Silício, na Califórnia, que se tornou sinônimo de inovações tecnológicas, sobretudo na área de informática. “Tem gente que está chamando a Ilha do Fundão de Vale da Energia”, compara.