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Estado de Minas

Prédio do Ipsemg vai virar hotel de luxo para a Copa


postado em 16/03/2011 06:31 / atualizado em 17/11/2011 15:52

"Hoje, Belo Horizonte já comporta facilmente uma diária de R$ 700 a R$ 800, que é o que estamos prevendo. E não é só o turismo de negócios, o lazer está cada vez mais valorizado na região", Constantino Bittencourt, sócio do Grupo Fasano (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Um ícone da hotelaria de luxo no Brasil vai investir R$ 52 milhões em Belo Horizonte. Foi concluído ontem o processo de licitação para uso do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), que fica na Praça da Liberdade, e o vencedor foi o consócio formado pelo Grupo Fasano e a incorporadora JHSF – na verdade, único interessado a apresentar proposta.

O primeiro empreendimento do Fasano em Minas vai seguir o conceito de hotel boutique implantado em áreas nobres de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. O grupo é conhecido por sustentar a diária média de hospedagem mais cara do Brasil, de R$ 1.150, que pode ultrapassar os R$ 4 mil, se o hóspede escolher uma suíte de frente para no mar na Praia de Ipanema, no Rio. De acordo com Constantino Bittencourt, sócio do grupo, a ideia é oferecer um serviço diferenciado, de padrão internacional, que inclui spa, restaurante (que também carrega o famoso nome do grupo) e atendimento personalizado. “Muita gente vem à cidade e acaba não se hospedando por falta de opção. Há uma demanda reprimida por leitos de luxo. Estamos trazendo para BH o que nos projetou no mercado: atendimento de alto padrão”, comenta.

Além do Fasano, outras bandeiras de peso do segmento de hotelaria de luxo desembarcam em BH. A prefeitura informa que hoje há três empreendimentos no padrão cinco estrelas em licenciamento na capital, com a previsão de construção de 757 leitos e investimentos de R$ 235 milhões até a Copa de 2014. Dentro do segmento cinco estrelas, o grupo Maio/Paranasa, em parceria com a rede Accor de hotéis, vai construir o Site Belvedere, que terá um hotel com a bandeira Pullman, de luxo, além de torre com a bandeira Ibis, de segmento econômico, operando no mesmo local. Com uma estrutura arrojada na Avenida Raja Gabaglia, o Site Belvedere vai receber investimentos na ordem de R$150 milhões . “Escolhemos Belo Horizonte pela importância econômica que a cidade representa no cenário nacional, principalmente no que diz respeito ao turismo de negócios”, ressalta Abel Castro, diretor de desenvolvimento de negócios da Accor.

A rede Bristol também anunciou a construção do Stadium, de padrão cinco estrelas, na Região da Pampulha, em parceria com a construtora CRM, com investimento aproximado de R$ 50 milhões. A bandeira americana Hyatt é outra a desembarcar antes do início do Mundial em BH, com aportes em um hotel cinco estrelas que deverá ser erguido juntamente com a torre comercial batizada de Etoile na região do trevo do BH Shopping.

Resposta para a Fifa

“A Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado) pede que cada cidade-sede da Copa tenha pelo menos quatro hotéis de alto luxo. Os novos empreendimentos que serão construídos terão padrão elevado. Há uma demanda forte pelo serviço de hotelaria em BH, independentemente do Mundial de futebol”, afirma Tiago Lacerda, presidente do Comitê Executivo da Copa da Prefeitura de Belo Horizonte. Vale lembrar que relatório da Fifa, divulgado em 2009, quando as cidades-sede da Copa foram anunciadas, chamava a atenção para a carência de hotéis de qualidade em BH.

A capital conta hoje com 30 hotéis em licenciamento e construção, segundo levantamento da prefeitura. No total, são 6,8 mil leitos, em investimento de R$ 1,57 bilhão. E esse número pode ficar maior. Se for levar em conta os empreendimentos em negociação, a conta pode chegar a 41 hotéis, 9,41 mil leitos e desembolsos de R$ 2,36 bilhões.

A data acordada para o Fasano começar a operar emBH é junho de 2013. Bittencourt explica que o planejamento é para além da Copa, uma vez que a concessão de uso é de 35 anos, podendo ser renovada. “Os grandes eventos internacionais que vamos receber nos próximos anos são consequência da boa fase pela qual o país passa. Hoje, Belo Horizonte já comporta facilmente uma diária de R$ 700 a R$ 800, que é o que estamos prevendo. E não é só o turismo de negócios, o lazer está cada vez mais valorizado na região. Ouro Preto e Inhotim estão muito próximos de BH, e as opções culturais, de modo geral, estão atrativas.”


Sem mineiros

Segundo Bittencourt, não houve propostas de parcerias com grupos locais e atualmente estão previstos 80 leitos, com estimativa de ocupação média superior a 80%. “Agora entraremos em uma fase de correria, porque os prazos são curtos, mas estamos muito otimistas. É um investimento alto, mas que se baseia em uma pesquisa aprofundada. Acho que outras empresas não se interessaram porque só uma rede como a nossa tem condições de garantir uma ocupação tão alta, que garanta o retorno acordado”, afirma. Dos R$ 52 milhões investidos, cerca de R$ 46 milhões serão usados na adequação do prédio e os outros R$ 6 milhões correspondem à oferta para a concessão onerosa do uso.

Para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, a chegada do grupo Fasano é uma vitória para BH. “Foi um negócio interessante, principalmente por causa da localização. As grandes redes hoteleiras estão tendo muita dificuldade para instalar bons projetos em terrenos tão favoráveis”, avaliou.

Ele é o tal

. O sobrenome Fasano, de origem italiana, tem o peso de uma das marcas de luxo mais cobiçadas do Brasil, principalmente no espaço conquistado pelos 12 restaurantes instalados em endereços megavalorizados de São Paulo, Rio e Brasília, que, juntos, atendem cerca de 45 mil pessoas por mês. Em entrevista recente, Rogério Fasano (filho do primeiro investidor do grupo, Fabrizio Fasano, que veio de Milão para São Paulo em 1935), declarou que pretende ampliar os investimentos no setor hoteleiro e que, além de Belo Horizonte, planeja estrear também em Brasília e Salvador antes de 2014.

. O grupo já tem hotéis boutique em Trancoso, na Bahia, e em Punta del Leste, no Uruguai. O faturamento anual não é divulgado, mas, de acordo com a assessoria de imprensa da empresa, de janeiro a setembro do ano passado, a receita bruta registrada foi de R$ 19,5 milhões, alta de 9% em relação ao mesmo período de 2009.


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