O impacto do terremoto do Japão na última sexta-feira já está sendo sentindo no setor de componentes eletrônicos. As consequências do tremor e do subsequente tsunami que atingiram o país na semana passada provocaram mudanças de preços em um dos componentes mais voláteis: os chips de memória.
"Recentemente, companhias, como a HP e a Dell, beneficiaram-se significantemente dos preços favoráveis da memória DRAM e de outras commodities", escreveu Ben Reitzes, analista do Barclays Capital, em nota a clientes nesta semana. "Nós acreditamos que esses benefícios atingiram um pico."
Embora o Japão não seja o principal centro manufatureiro de semicondutores e de telas LCD, os fabricantes de produtos eletrônicos estão preocupados, porque 10% da produção mundial de chips de memória são feitos no país. O Japão também é responsável por 35% da produção mundial de memória flash e 6,2% da de telas LCD grande, de acordo com a empresa de pesquisa IHS iSuppli. A memória flash deixa, sem dúvida, os investidores mais nervosos, porque os produtos mais procurados do mercado, como smartphones e tablets, não possuem um disco rígido.
Um das empresas líderes na produção de memórias flash é a SanDisk Corp., que tem duas fábricas, numa joint venture (associação) com a Toshiba Corp., localizada a cerca de 500 milhas do epicentro do terremoto que atingiu o Japão na última sexta-feira. A empresa disse que retomou suas operações e que seus funcionários estavam a salvo.
"A avaliação atual da SanDisk é de que houve um impacto mínimo imediato sobre a produção de wafer de memória devido ao terremoto", disse a empresa na sexta-feira. Mesmo assim, as ações da SanDisk caíram nesta semana. "Há uma série de coisas que estão convergindo. Você tem os preços do petróleo, uma ruptura na cadeia de abastecimento - e eu acho que todas essas coisas vão se reunir para pressionar os preços para cima um pouco", disse Paulo Romano, diretor da Fusion Trade, uma distribuidora de produtos eletrônicos norte-americana.
Segundo Romano, nos últimos dias os preços da memória DRAM subiram entre 15% e 25% e os valores da memória flash aumentaram entre 15% a 20%, na medida em que algumas empresas tentaram estocar chips em meio aos temores de escassez. Outro problema é que pelo menos 22% dos wafers semicondutores do mundo, o principal componente dos chips, são feitos pelo Shin-Etsu Group, que declarou que duas de suas fábricas, incluindo uma em Fukushima, que faz wafers de 12 polegadas, estão inoperantes.
A Intel Corporation, maior fabricante mundial de chips, disse que as avaliações iniciais foram "relativamente positivas" e que acredita que seus fornecedores diretos "passaram por este evento de forma razoável." O porta-voz da empresa Chuck Mulloy destacou porém, que os desafios na infraestrutura de energia e transporte do Japão estão aumentando e poderiam ser mais difíceis de resolver.