A catástrofe que atingiu o Japão nos últimos dias pode ter reflexo nas indústrias japonesas instaladas no Brasil. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, o aumento das remessas de lucro das filiais às matrizes é uma alternativa rápida para cobrir os estragos causados pela tragédia provocada por um terremoto de 9 graus da escala Richter, um tsunami e um grave acidente nuclear em uma das centrais de geração de energia do Norte do Japão.
“Essa tragédia foi uma situação inesperada. As matrizes vão precisar de mais recursos para atender aos compromissos firmados no curto prazo. Como muitas fábricas estão paradas, existe data para pagamento das despesas, mas não há receita, porque não estão produzindo. Com isso, antes de deixar de honrar as dívidas, [as empresas japonesas] vão buscar lucros nas empresas filiadas em outros países, como o Brasil”, afirmou. Além disso, investimentos anunciados anteriormente serão revistos. “O país vai passar por um período de mudança qualitativa e quantitativa no valor industrial”, acrescentou.
Para o conselheiro-chefe do Departamento Econômico da embaixada japonesa, Nobuharu Imanishi, ainda é difícil precisar se o aumento da remessa de lucro será necessário. “Uma tragédia dessa magnitude nunca aconteceu no Japão. Não temos essa informação, mas as principais indústria estão sólidas. A curto prazo, o governo vai assegurar estabilidade do povo japonês sem medir esforços”, garantiu.
De acordo com o consultor de empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) Teruaki Yamagishi, o esforço de recuperação ocorrerá por parte do governo japonês e não das filiais sediadas em outros países. “Não acredito em aumento de remessa de lucro por parte das empresas que estão no Brasil. Eu acredito que o governo vá cobrir os prejuízos sofridos”, disse. No entanto, a situação é instável. “Estamos preocupados já que grandes empresas estão paralisadas. Ainda não podemos avaliar uma solução de forma definitiva já que os terremotos continuam acontecendo”, completou. O Amazonas sedia 7% do total de empresas japonesas no Brasil.