A visita do presidente norte-americano Barack Obama ao Brasil tem, para o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, uma importância estratégica, de aproximação entre os dois países. Segundo ele, como se trata das duas maiores economias do Continente Americano, é importante que haja uma relação com os Estados Unidos mais próxima e mais aberta. “E que as questões substantivas sejam tratadas de uma maneira mais pragmática. E isso a presidenta Dilma (Rousseff) colocou, na questão, principalmente, das restrições comerciais. E ela citou, inclusive, o aço”.
Lopes informou que atualmente já não existe tanta barreira ao aço brasileiro como ocorria no passado, em relação às cotas definidas. “Hoje em dia tem menos barreiras. Mas, o que eu acho que está precisando, é um estreitamento das relações de maneira que as questões macro sejam resolvidas”. Uma delas é a questão do câmbio. Há ainda barreiras que persistem para o etanol e para a agricultura, citou.
Dados divulgados pelo IABr mostram que a produção brasileira de aço bruto cresceu 11,4% em fevereiro deste ano, em relação ao mesmo mês de 2010, somando 2,7 milhões de toneladas. Na área de laminados, o crescimento atingiu 9,9%, com produção de 2,2 milhões de toneladas. Os resultados acumulados em 2011 indicam uma produção de 5,5 milhões de toneladas de aço bruto e 4,3 milhões de toneladas de laminados. O crescimento registrado foi 7,6% e 5,0% respectivamente, sobre o mesmo período de 2010.
O balanço divulgado pelo IABr é positivo também no que se refere às vendas internas. Houve expansão de 14,2% em fevereiro, em comparação a igual mês do ano passado. As vendas somaram 1,8 milhão de toneladas no mês, alcançando 3,5 milhões e aumento de 9,3% nos dois primeiros meses de 2011.
As exportações de produtos siderúrgicos atingiram 870 mil toneladas em fevereiro, no valor de US$ 655 milhões. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, os embarques ao exterior somaram 2 milhões de toneladas e US$ 1,4 bilhão, com aumento de 46,8% em volume e de 89,3% em valor.
Os dados do IABr mostram que a importação de produtos siderúrgicos sofreu retração de 19,3% em 2011. O volume atingiu em janeiro e fevereiro 601 mil toneladas importadas. Já o consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos somou 2 milhões de toneladas (8,8%) em fevereiro, atingindo no bimestre 4,1 milhões de toneladas (5%).
Lopes afirmou que a grande preocupação do setor é com a questão do câmbio. “A apreciação do real de forma muito forte fez com que nós tivéssemos um recorde de importação em 2010, o que elevou o consumo”. Ele explicou que grande parte disso - mais de 20% - foi devido às importações, por conta do câmbio, “além da guerra fiscal, que está sendo atacada agora”.
A expectativa do IABr é que o setor siderúrgico experimente em 2011 um crescimento interno mais sustentado, por causa dos programas especiais, entre os quais indicou a Copa de 2014 e a área de petróleo e gás. “Então, a gente sai desse patamar baixo [de consumo] de 100 quilos por habitante. Mas, de outro lado, fica uma interrogação muito grande em relação à questão cambial. A gente não pode correr o risco, como se teve no ano passado, de ter essa vulnerabilidade enorme para efeito de importação”, disse o presidente do IABr.