A inflação do varejo em abril contará com uma pressão adicional que vai atingir em cheio o bolso do consumidor: um aumento fora do normal nos preços das roupas. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a inflação acumulada em 12 meses até fevereiro do algodão em caroço no atacado acumula taxa de 170,56%, a mais forte em 11 anos, nesse tipo de comparação. A indústria têxtil já admite que o repasse do aumento de custos para o produto final é inevitável, o que pode ajudar a elevar as taxas dos indicadores inflacionários no mês que vem.
Responsável pelo levantamento, o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, não descarta a possibilidade de o repasse da alta de custos com o algodão para o produto final ser o mais intenso da década. “É uma hipótese plausível”, disse. Porém, ele comentou que isso dependerá do volume de importações de produtos têxteis disponíveis no mercado, que atualmente fazem concorrência acirrada com os produtos brasileiros.
Quadros lembrou que, no próximo mês, a nova coleção outono/inverno chega às lojas. Normalmente, os preços do vestuário sobem em abril por causa do término do período das liquidações. Porém, o cenário para o produtor de têxteis este ano é atípico, em termos de elevação de custo de matéria-prima.
“Acho muito difícil não ocorrer um repasse (no preço do produto final). O aumento do preço do algodão foi brutal. Mesmo que haja uma substituição do algodão por fibras sintéticas, caso a demanda por fios artificiais aumente, o preço desse item vai aumentar também”, afirmou, acrescentando que o grupo vestuário representa 5% do Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-BR), calculado pela FGV, que mede a evolução da inflação varejista.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, a magnitude da elevação atual no preço do algodão não tem comparação com períodos anteriores. “Posso dizer com certeza que nunca vi o preço do algodão disparando dessa maneira”, afirmou.
Diniz Filho explicou que a oferta do produto nos mercados doméstico e internacional vem diminuindo desde maio do ano passado, por causa do aumento no consumo da China, do bloqueio de exportações indianas de têxteis para o mundo, o que reduziu a oferta do produto no cenário internacional e da quebra de safra nos Estados Unidos.
“Além disso, ocorre uma especulação grande com o preço do algodão nos mercados internacionais, visto que é uma commodity”, acrescentou. Esse ambiente de oferta em queda levou à disparada paulatina dos preços do algodão no atacado brasileiro, cujo ritmo acelerou no início deste ano.
Coleção outono/inverno
Segundo o presidente da Abit, o Brasil consome em torno de 1,1 milhão de toneladas do produto ao ano. Ele explicou que cada metro de tecido fabricado tem em torno de 35% a 40% de algodão. Além disso, a coleção outono/inverno, característica de tempos mais frios, é a que mais leva tecido, entre as quatro lançadas anualmente. “Tentamos não repassar todos os nossos aumentos de custos para o produto final. Mas, desta vez, não tem como não repassar uma parte dessa alta”, afirmou.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do governo calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também deve sentir os efeitos dos aumentos nos preços de vestuário. Os preços de roupas representam 4,5% do IPCA, segundo a gerente de pesquisa do IBGE, Irene Machado. “Os preços de roupas no IPCA de fevereiro mostraram queda de 0,29%”, informou a técnica, acrescentando que o mês passado foi beneficiado pelo período de liquidações. Em 12 meses, a inflação das roupas acumula alta de 7,30% até fevereiro.
Ao mesmo tempo, o produtor brasileiro se beneficia da alta no preço do algodão. A estimativa mais recente do IBGE para a safra do algodão herbáceo este ano é de 4,5 milhões de toneladas, contra 2,9 milhões de toneladas obtidas em 2010, um aumento de 53,7%. A área plantada do produto cresceu 43,7% este ano contra o ano passado, de acordo com o instituto, devido às boas cotações do algodão nos mercados interno e externo.
Responsável pelo levantamento, o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, não descarta a possibilidade de o repasse da alta de custos com o algodão para o produto final ser o mais intenso da década. “É uma hipótese plausível”, disse. Porém, ele comentou que isso dependerá do volume de importações de produtos têxteis disponíveis no mercado, que atualmente fazem concorrência acirrada com os produtos brasileiros.
Quadros lembrou que, no próximo mês, a nova coleção outono/inverno chega às lojas. Normalmente, os preços do vestuário sobem em abril por causa do término do período das liquidações. Porém, o cenário para o produtor de têxteis este ano é atípico, em termos de elevação de custo de matéria-prima.
“Acho muito difícil não ocorrer um repasse (no preço do produto final). O aumento do preço do algodão foi brutal. Mesmo que haja uma substituição do algodão por fibras sintéticas, caso a demanda por fios artificiais aumente, o preço desse item vai aumentar também”, afirmou, acrescentando que o grupo vestuário representa 5% do Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-BR), calculado pela FGV, que mede a evolução da inflação varejista.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, a magnitude da elevação atual no preço do algodão não tem comparação com períodos anteriores. “Posso dizer com certeza que nunca vi o preço do algodão disparando dessa maneira”, afirmou.
Diniz Filho explicou que a oferta do produto nos mercados doméstico e internacional vem diminuindo desde maio do ano passado, por causa do aumento no consumo da China, do bloqueio de exportações indianas de têxteis para o mundo, o que reduziu a oferta do produto no cenário internacional e da quebra de safra nos Estados Unidos.
“Além disso, ocorre uma especulação grande com o preço do algodão nos mercados internacionais, visto que é uma commodity”, acrescentou. Esse ambiente de oferta em queda levou à disparada paulatina dos preços do algodão no atacado brasileiro, cujo ritmo acelerou no início deste ano.
Coleção outono/inverno
Segundo o presidente da Abit, o Brasil consome em torno de 1,1 milhão de toneladas do produto ao ano. Ele explicou que cada metro de tecido fabricado tem em torno de 35% a 40% de algodão. Além disso, a coleção outono/inverno, característica de tempos mais frios, é a que mais leva tecido, entre as quatro lançadas anualmente. “Tentamos não repassar todos os nossos aumentos de custos para o produto final. Mas, desta vez, não tem como não repassar uma parte dessa alta”, afirmou.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do governo calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também deve sentir os efeitos dos aumentos nos preços de vestuário. Os preços de roupas representam 4,5% do IPCA, segundo a gerente de pesquisa do IBGE, Irene Machado. “Os preços de roupas no IPCA de fevereiro mostraram queda de 0,29%”, informou a técnica, acrescentando que o mês passado foi beneficiado pelo período de liquidações. Em 12 meses, a inflação das roupas acumula alta de 7,30% até fevereiro.
Ao mesmo tempo, o produtor brasileiro se beneficia da alta no preço do algodão. A estimativa mais recente do IBGE para a safra do algodão herbáceo este ano é de 4,5 milhões de toneladas, contra 2,9 milhões de toneladas obtidas em 2010, um aumento de 53,7%. A área plantada do produto cresceu 43,7% este ano contra o ano passado, de acordo com o instituto, devido às boas cotações do algodão nos mercados interno e externo.