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Estado de Minas

Cesta básica sobe o triplo da inflação


postado em 23/03/2011 06:41 / atualizado em 23/03/2011 07:18

Pedro Gurgel ficou assustado com reajustes e trocou de sacolão(foto: Tulio Santos/Esp. EM/D.A Press)
Pedro Gurgel ficou assustado com reajustes e trocou de sacolão (foto: Tulio Santos/Esp. EM/D.A Press)

Depois do feijão e da carne de boi, vilões da inflação já conhecidos desde o ano passado em Belo Horizonte, hortaliças, frutas e principalmente as batatas surpreendem o consumidor, levando o custo da cesta básica a uma alta de 5,65% na capital mineira somente de janeiro aos primeiros 10 dias deste mês. O aumento foi observado com preocupação pela Secretaria Municipal Adjunta de Abastecimento, em levantamento regular dos preços de uma cesta de produtos essenciais contendo 36 alimentos, quatro itens de limpeza doméstica e cinco de higiene pessoal. A despesa média total nos supermercados da cidade, de R$ 468,85, apurada no dia 10, subiu três vezes mais que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em BH, de 1,86% no acumulado do ano.

A batata inglesa assumiu o comando das remarcações verificadas particularmente nos últimos 15 dias, com elevação de preços de 91,61% no período. Foi quando caiu a oferta dos hortifrutis, em geral, e não só da batata, sob pressão dos estragos provocadas pelas chuvas em seguida à estiagem e altas temperaturas. Na vice-liderança, ficou a cebola branca, com alta de 26,10% no período de 15 dias analisados (entre 23 de fevereiro e 10 de março). O tomate santa cruz também se destacou, com elevação de 17,61%. A pesquisa é feita em 58 supermercados da cidade.

Ao todo, o consumidor está pagando R$ 28,31 a mais, em média, na comparação com a cesta que a Secretaria de Abastecimento apurou no fim de janeiro, de R$ 440,54. Segundo o economista João Ávila Filho, coordenador do levantamento, a explicação da alta está nos efeitos das mudanças climáticas bruscas e que sacrificaram bastante as regiões agrícolas em Minas e em outros estados importantes no abastecimento do varejo, como São Paulo e o Sul do país. “A tendência é de que os preços dos alimentos in natura comecem a baixar em maio, com a regularização da oferta até julho”, afirma.

O consumidor protesta nos supermercados. O motorista Pedro Gurgel, de 28 anos, costumava fazer compras no Centro de Belo Horizonte, mas, trocou de sacolão para aproveitar ofertas. Na terça-feira, ele se surpreendeu com os preços mais favoráveis de um supermercado instalado na Rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, onde mora. A pesquisa compensou e ele acredita ter feito uma economia de 15%.

Para o diretor adjunto de pesquisa da Fundação Ipead, vinculada à UFMG, responsável pela apuração dos dados da cesta básica para a Secretaria de Abastecimento, há um componente adicional especulativo de preços que pressiona os gastos com a cesta. “Vivemos um período de inflação mais alta, no entanto nada que se assemelhe a descontrole”, diz. Ricardo Martins, chefe do setor de Informações de Mercado da Ceasa Minas, confirma a tendência de redução dos preços a partir de maio, passados os reflexos das chuvas.

A saca de 50 quilos da batata inglesa chegou a ser comercializada do produtor para o varejista na Ceasa Minas entre R$ 100 e R$ 130 na segunda-feira. As cotações alcançaram mais que o dobro dos preços verificados no fim de fevereiro, que variaram de R$ 45 a R$ 50 a saca. A Secretaria Municipal de Abastecimento calcula, ainda, a menor cesta encontrada em cada regional da cidade. João Ávila, da Secretaria de Abastecimento, chama a atenção para o valor da pesquisa de preços. O varejo de Venda Nova se mostrou o mais competitivo, com uma cesta de R$ 396,03, apurada no dia 10, representando economia de 15,53% em relação à despesa média na cidade.

No Noroeste de BH, a economia foi a menor, de 9,31% frente à média, com a cesta de R$ 425,20. Num supermercado da região, Sebastião Antônio Moreira, de 61 anos, não poupou, terça-feira, críticas à disparada dos preços. “O quiabo encareceu muito, assim como o tomate. Fui gerente de um sacolão por três anos e recomendo às pessoas que pesquisem bastante”, afirma. Adilson Rodrigues, superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis) observa que as diferenças de preços entre as regionais refletem a concorrência do setor e as políticas das redes para atrair a sua clientela mais frequente nas lojas.


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