O Parlamento de Portugal rejeitou o plano de austeridade do governo, decisão que poderá levar à renúncia do primeiro-ministro José Sócrates, do Partido Socialista. A decisão deverá elevar as pressões para que Portugal aceite um pacote de ajuda financeira internacional.
Sócrates, que havia prometido renunciar se o projeto fosse rejeitado, deve se reunir ainda hoje com o presidente Aníbal Cavaco Silva. Se ele renunciar, a incerteza política deverá puxar ainda mais para cima o custo do crédito para o país, tornando mais provável que Portugal se torne o terceiro país da zona do euro a buscar ajuda financeira externa, depois da Grécia e da Irlanda.
A incerteza quanto à perspectiva da política econômica também deverá crescer. Portugal tem 4,23 bilhões de euros em dívidas a vencer em abril e suas reservas estão atualmente na casa dos 4 bilhões de euros. Tanto a Democracia Cristã, à direita, como os social-democratas, ao centro, e os comunistas, à esquerda, votaram contra os planos de austeridade.
Sócrates e o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos prometeram reduzir o déficit orçamentário a 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de cerca de 7% em 2010 e 9,3% em 2009. Sócrates tornou-se primeiro-ministro em 2005 e o Partido Socialista foi o mais votado novamente em 2009, mas sem obter maioria no Parlamento. O Orçamento para 2011 foi aprovado em outubro do ano passado graças à abstenção do Partido Social-Democrata.