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Estado de Minas

MP denuncia Madoff mineiro por golpe milionário


postado em 24/03/2011 06:36 / atualizado em 24/03/2011 07:34

MP pede processo contra Thales Maioline e três sócios por estelionato(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
MP pede processo contra Thales Maioline e três sócios por estelionato (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Mais de três meses depois da prisão de Thales Emanuelle Maioline, conhecido como Madoff mineiro, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou o investidor, acusado de aplicar um golpe em cerca de 2 mil pessoas de 14 cidades mineiras em valores que ultrapassam R$ 100 milhões. Além de Thales, a irmã dele, Ianny Márcia Maioline; o marido dela, Leandro Oliveira; e Oséas Marques Ventura, todos sócios da Firv Consultoria e Administração, são acusados de estelionato, formação de quadrilha e falsificação de documentos. O juiz da 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Milton Lívio, recebeu quarta-feira a denúncia feita pelo promotor Joaquim Miranda, coordenador do Centro de Apoio Criminal do Ministério Público, e vai decidir se acata a denúncia. Se condenados, os acusados podem pegar 13 anos de cadeia. Mas, se os crimes tiverem agravantes, a pena pode ser maior.

O processo corre em segredo de Justiça. Uma pilha de 36 volumes e mais de 15 mil páginas se acumula na 4ª Vara Criminal do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. O objetivo do chefe do Departamento de Investigação de Crimes contra o Patrimônio, delegado Islande Batista, responsável pelo inquérito, era conseguir mais prazo para que a perícia contábil da Polícia Civil pudesse detalhar o intrincado esquema operado por Thales. Entretanto, o promotor Joaquim Miranda considerou que os elementos já eram suficientes para a denúncia.

“Percebi que há prova consistente da autoria dos crimes. A perícia é necessária ainda para quantificar os danos”, disse o promotor. Segundo ele, o trabalho dos policiais não será prejudicado. “A polícia pode continuar fazendo as investigações de maneira paralela. Tem total liberdade de pegar o inquérito para fazer”, acrescentou. Inicialmente estimado em R$ 50 milhões, o valor do golpe agora é calculado pelo Ministério Público em R$ 100 milhões.

Outro motivo para não atender o pedido da polícia por mais prazo, de acordo com o promotor, foi o excesso de pedidos de habeas corpus feito pela defesa de Thales. O principal sócio da Firv está preso desde 12 de dezembro, depois de ficar mais de quatro meses foragido. Na semana passada, o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou o pedido de liminar para um habeas corpus em favor de Thales. Entretanto, o magistrado pediu informações do inquérito policial para avaliar o mérito do pleito da defesa. Outros pedidos já foram negados pela Justiça mineira. O advogado de Thales e dos sócios da Firv, Marco de Antônio de Andrade, informou que aguardará a decisão do juiz para preparar a defesa nos termos em que eles forem acusados.

Pirâmide

Thales ficou conhecido como Madoff mineiro, uma referência ao golpista Bernad Madoff, que aplicou um golpe de US$ 50 bilhões em Wall Street. Ambos se valeram da metodologia da pirâmide financeira, por meio da qual a entrada de dinheiro dos novos investidores paga a permanência dos mais antigos. Thales começou as atividades no mercado financeiro em um clube de investimentos, em 2006, com a participação informal de amigos, por intermédio das corretoras Ágora e Umuarama, de São Paulo. Operou normalmente com ações e sofreu abalo nos investimentos com a crise mundial de créditos, em 2008.

No ano seguinte, o Madoff mineiro teve dificuldades em honrar o pagamento dos bônus aos investidores. Desde então, passou a operar com ações de alto risco com o objetivo de tapar rombos cada vez maiores, em função de os papéis na bolsa estarem em baixa. A partir de 2009, o clube de investimentos ganhou cara de empresa. A fachada teria o propósito de disfarçar os problemas do fundo de investimentos.

Para atrair altos investidores, com capacidade financeira de capitalizar a empresa, com aplicações acima de R$ 1 milhão – os maiores investimentos não ultrapassavam R$ 100 mil –, a Firv passou a realizar festas luxuosas para reforçar a imagem de negócio lucrativo. Os agentes da Firv e o próprio Maioline vestiam roupas de grife, relógios de luxo e carros portentosos. Com a empresa à beira da falência e sem conseguir salvá-la, Thales fugiu do Brasil e ficou escondido na floresta boliviana até se entregar à polícia em 12 de dezembro do ano passado.


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