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Estado de Minas

Saída de Agnelli da Vale já está sacramentada


postado em 24/03/2011 06:39

O presidente da Vale, Roger Agnelli, responsável por ampliar receitas, lucro e valor patrimonial da mineradora, não terá o seu mandato renovado pela Assembleia Geral de Acionistas da empresa, marcada para 19 de abril. A decisão foi sacramentada no início do ano, quando a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, fecharam acordo para substituir o executivo, que completaria 10 anos à frente da maior empresa privada do país em julho.

Dilma só não encontrou ainda o substituto para o presidente da Vale, que deseja fazer o seu sucessor — ele defende o nome de um de seus vices, José Carlos Martins. Dentro do governo, foram cogitados os nomes de Nelson Barbosa, secretário executivo do Ministério da Fazenda, e de Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas a chefe do Executivo já demonstrou o interesse em ter os dois economistas próximos dela, à disposição para outras missões. Segundo o mercado, são fortes candidatos ao comando da Vale Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano, e Fábio Barbosa, presidente do Santander.

O clima é de apreensão entre os diretores e funcionários da Vale. A visão é de que a decisão do governo de destituir Agnelli é um processo de intervenção branca, uma forma indireta de reestatizar a empresa. Há um processo de rebelião em curso, e o grupo de executivos poderá renunciar após a troca na presidência da mineradora. Funcionários estão, inclusive, organizando protestos, como sinal de luto, e um abaixo-assinado para tentar reverter a decisão de Dilma. Em 21 de maio, termina o mandato da diretoria da Vale, que é renovado anualmente.

Questões políticas

Agnelli fez um voto de silêncio até que toda a confusão seja superada, mas não tem escondido a decepção pela troca de comando da segunda maior mineradora do mundo estar se dando por questões políticas. Apesar dos bons resultados apresentados pela gestão Agnelli, pesaram contra ele desavenças desde 2008 com o governo, que participa do bloco de acionistas majoritários da Vale por intermédio do BNDES e de fundos de pensão de estatais liderados pela Previ (dos funcionários do Banco do Brasil). Juntos ao Bradesco e à japonesa Mitsui, eles detêm a maior parte das ações da Valepar, a holding que controla a mineradora.

Para o Bradesco, é vital ficar ao lado do governo. Desde que perdeu o posto de maior banco privado do país para o Itaú Unibanco, a instituição com sede na Cidade de Deus, em Osasco (SP), firmou uma série de parcerias estratégicas com o Banco do Brasil, inclusive no continente africano. Além disso, o Bradesco pretende renovar a parceria com os Correios, que vence no fim do ano, para continuar administrando o Banco Postal.

O próprio Agnelli tem admitido a cobiça por seu cargo. Em outubro do ano passado, ele criticou setores do PT que estariam ávidos por ganhar espaço na companhia. “Tem muita gente procurando uma cadeira. E é geralmente gente do PT”, chegou a afirmar. Sob seu comando, entre 2001 e 2010, a Vale ampliou a suas receitas de US$ 4 bilhões para US$ 40 bilhões e o lucro de US$ 3 bilhões para US$ 15 bilhões. No entanto, a maior mudança ocorreu no valor patrimonial, que saltou de US$ 7 bilhões para US$ 176 bilhões, e na atuação internacional.


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