De investidor promissor, passando por milionário emergente, a foragido da Justiça até ser preso preventivamente em dezembro do ano passado Thales Emanuelle Maioline, conhecido como Madoff mineiro, é, desde esta quinta-feira réu e será julgado pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha e falsificação de documentos. O juiz da 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Milton
O promotor Joaquim Miranda, coordenador do Centro de Apoio Criminal do Ministério Público, autor da denúncia, explica que o primeiro passo será ouvir as testemunhas. No caso, são seis, todas investidores lesados da Firv. O golpe que Thales e a empresa são acusados de praticar atingiu cerca de duas mil pessoas, em 14 cidades mineiras e deixou um rastro de R$ 100 milhões de prejuízos.
Na sequência será a vez do juiz escutar a versão dos réus. "Insisto que o Thales permaneça preso", ressalta Miranda. O promotor não vê necessidade de pedir a prisão dos outros três sócios durante a instrução do processo. Com exceção de Leandro, os outros dois já foram presos no fim de dezembro do ano passado e tiveram o depoimento tomado pela polícia. Entretanto, o promotor destaca que todos estão sendo acompanhados pela polícia e que "qualquer movimentação estranha será percebida e a prisão preventiva pode ser decretada".
O apelido de Madoff mineiro dado a Thales se deve a forma como o golpe foi praticado, usando o princípio da pirâmide financeira, em que a entrada do dinheiro de novos investidores paga a permanência dos mais antigos. Bernad Madoff, que também se valeu desse estratagema, aplicou um golpe de US$ 50 bilhões em Wall Street, já foi condenado e está preso.
Lucro furado
Thales prometia rendimentos mensais de 5% sobre o montante aplicado e bônus semestrais de 30%, o que é muito acima do praticado no mercado. Quando o esquema cresceu, as operações se tornaram mais arriscadas e para os compromissos serem honrados dependiam da atração de novos investidores.
Os agentes da Firv e o próprio Maioline vestiam roupas de grife, relógios de luxo e andavam em carros valiosos para exibirem o sucesso e angariarem novas pessoas. Quando a pirâmide começou a desmoronar e a empresa estava a beira da falência, Thales fugiu do Brasil e ficou escondido na floresta boliviana até se entregar à polícia em 12 de dezembro do ano passado.