O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Erwin Kräutler, divulgou nesta sexta-feira uma carta aberta em que aponta irregularidades no projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Segundo ele, se for construída, a usina resultará em prejuízos irreversíveis aos municípios paraenses de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e aos povos indígenas da região.
Dom Erwin Kräutler, bispo do Xingu (PA), diz no comunicado que pediu uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff para apresentar as preocupações do movimento sobre Belo Monte. Mas, de acordo com ele, o governo propôs um encontro com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República. Na carta, o bispo afirma que uma declaração em defesa da construção da usina atribuída ao ministro o levou a recusar a reunião.
Kräutler disse que o diálogo almejado com o governo nos últimos anos foi “inviabilizado já desde o início”. Ele afirma que os índios não foram ouvidos. “Com base nessas denúncias, pedimos à Procuradoria-Geral da República investigação e tomada de providências cabíveis.”
Nesta tarde, Kräutler entregará à vice-procuradora Geral da República, Débora Duprat, uma representação contra o projeto de Belo Monte. Na carta, o bispo diz ainda que falta um estudo sobre o impacto que sofrerão os municípios afetados pela construção da usina e sobre a qualidade da água no reservatório a ser construído.