“Não tenho envolvimento com qualquer questão política relativa a esse assunto”, afirmou Agnelli. “A decisão sobre a escolha do diretor-presidente da Vale compete exclusivamente aos acionistas controladores da empresa. O que tenho feito nos últimos dias é o mesmo que fiz ao longo de toda a minha carreira: trabalhar”, acrescentou, em tom previsível para executivos de seu porte.
Lista tríplice
Se a escolha do nome do próximo presidente da Vale vier mesmo do setor privado, segundo as apostas, o mais cotado para sucedê-lo é Antônio Maciel Neto, do Grupo Suzano. Outros dois diretores da mineradora, José Carlos Martins (Marketing, Vendas e Estratégia) e Tito Botelho Martins (Operações de Metais Básicos), também são cotados.
A própria Vale e a Previ, acionista do bloco de controle, não quiseram comentar sobre o pronunciamento de Agnelli, executivo que está à frente da Vale desde 2001. O Ministério da Fazenda, que costurou o acordo com o Conselho de Administração do Bradesco, não confirmou nem negou a informação sobre a troca de comando na mineradora. Segundo uma fonte, o titular da pasta, Guido Mantega, participou ontem de uma reunião com o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão, em São Paulo, para tratar da sucessão na empresa.
Na estrutura da Vale, se os acionistas no bloco de controle decidirem por uma alteração no comando, uma lista com três nomes deve ser apresentada na reunião do Conselho de Administração da mineradora. O nome escolhido deve ter o consenso de pelo menos 75% dos acionistas controladores. Para o mercado, a melhor solução seria uma escolha técnica e interna.
O governo, por meio do BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não possui a maioria para executar a mudança, mesmo incluída a fatia detida pelo Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil. Por isso, precisa de um acordo com os outros grandes acionistas: Bradesco e a trading Mitsui.
A intenção é que a substituição ocorra antes mesmo da reunião de acionistas. O objetivo do governo é chegar a uma solução até 9 de abril, quando a presidente Dilma Rousseff viajará à China.