Pessoas mais jovens entristecidas também garantem força extra à expansão do mercado de antidepressivos no país. A faixa etária de consumidores desses medicamentos está caindo, segundo Alberi Dias, gerente da rede de farmácias Pague Menos, com sete unidades em Belo Horizonte. “Há três ou quatro anos, o público com idade acima de 50 anos era a maioria. Hoje, o uso desses medicamentos vem crescendo entre consumidores de 30 a 40 anos”, observa Dias. A expansão das vendas de antidepressivos na rede ficou entre 15% e 20% nos últimos anos. Na Farmácia Universal, as vendas desses medicamentos praticamente dobraram em três anos. “A correria das cidades grandes acaba causando esse problema de saúde. Pessoas com faixa etária a partir de 25 anos já estão tomando esse tipo de medicamento”, afirma Wagner Fernandes Corrêa, gerente da Universal.
O diagnóstico psiquiátrico feito por médicos de várias especialidades reforça as vendas, mas preocupa. “Hoje, sentimentos e emoções são confundidos com depressão”, diz a presidente da Associação Mineira de Psiquiatria, Sandra Carvalhais. Segundo ela, um dos principais avanços dos medicamentos é a redução dos efeitos colaterais, o que traz qualidade de vida aos pacientes. Ao mesmo tempo, este desenvolvimento da neurociência facilita o receituário. “Os antidepressivos lançados a partir de 1988 trouxeram grandes mudanças no tratamento. Apesar do diagnóstico para uso destes medicamentos ser feito por diversas especialidades médicas, o psiquiatra é o profissional com formação para fazer esta receita.”
A dona de casa A.S é um exemplo de como o diagnóstico nem sempre é feito da forma mais adequada. Ela conta que começou usando fluoxetina para abrandar a tristeza. Foi sua ginecologista que receitou a fórmula. “Estava sentindo um aperto no peito e, às vezes, do nada, tinha vontade de chorar.” Ela sentiu-se melhor, mas decidiu continuar tomando o medicamento para perder peso. “Sinto-me bem.” Vale lembrar que o aval do médico é obrigatório para a comercialização dos antidepressivos, por causa dos riscos que os acompanham. “Todos os medicamentos são vendidos apenas com receita médica”, ressalta Pedro Zidoi, presidente da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABC Farma).