Ministros e funcionários das Finanças da América debateram nesse sábado como enfrentar o impacto dos fluxos de capital estrangeiro na região, mas não chegaram a uma posição comum. Reunidos à margem da Assembleia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os 31 participantes da reunião concordaram em estudar medidas para potencializar o comércio e a integração regional, depois de uma discussão classificada de positiva pelo ministro das Finanças canadense, Jim Flaherty.
"Houve um franco intercâmbio de pontos de vista sobre a situação econômica e os desafios atuais, que incluem o preço dos alimentos, das matérias-primas e dos crescentes e potencialmente voláteis fluxos de capital", afirmou. "Nossa expectativa não era alcançar um acordo. Este não é um fórum destinado a tomar decisões, é para discutir, para compartilhar e planejar", justificou ainda.
A América Latina recebeu no ano passado 220 bilhões de dólares em capital privado, segundo cálculos do Instituto Financeiro Internacional (IIF), que representa os bancos internacionais. O êxito da região em superar a crise financeira de há três anos foi muito elogiada por instituições como o FMI. Mas isso gerou um crescente aquecimento das economias da região, a inflação disparou e as moedas se apreciaram em vários países, como o real brasileiro que se valorizou quase 40% nos últimos dois anos em relação ao dólar.
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, assistiu à reunião, junto com o diretor-geral do Banco Mundial, Sri Mulyani, e o presidente do BID, Luis Alberto Moreno. Strauss-Kahn sugeriu que os países deixem que suas moedas se valorizem, segundo um resumo de seu discurso postado no site do Fundo. "Em alguns casos, os controles de capital podem ser úteis, mas não devem substituir os ajustes fundamentais das políticas", afirmou.
Para Mulyani, os governos latino-americanos devem aproveitar a bonança econômica para aumentar sua renda fiscal e realizar investimentos públicos de qualidade. "Menos de 4% da arrecadação pública na América Latina provém do imposto de renda, em comparação com os 27% dos países industrializados", lembrou o diretor geral do Bird. Ele também criticou os níveis extremamente baixos de gasto privado e investimento fixo em infraestrutura.