O Banco Central Europeu (BCE) está trabalhando em um novo plano para manter os bancos da Irlanda operantes no médio prazo, informou uma autoridade da instituição. A nova linha de empréstimos vai substituir a Assistência Excepcional de Liquidez (ELA, na sigla em inglês), segundo a fonte. A afirmação foi feita ontem, depois que o jornal Irish Times informou que a instituição está preparando um plano para oferecer 60 bilhões de euros (US$ 84,5 bilhões) ao sistema bancário da Irlanda.
Segundo a fonte do BCE, a instituição pode anunciar em breve a criação de uma "Linha para Bancos sob Reestruturação", o que regularizaria a situação atual e permitiria que se ganhe tempo para uma reorganização ordenada do sistema
Sob a ELA, um banco central nacional como o da Irlanda cria dinheiro automaticamente e notifica o restante do Conselho Diretor do BCE sobre suas ações. A nova linha será sujeita a um controle muito mais centralizado. A ELA é uma forma de empréstimo dos bancos centrais que tem como objetivo lidar com as emergências de curto prazo dos bancos, mas que se tornou uma forma essencial de financiamento para as instituições irlandesas desde meados do ano passado.
Em fevereiro, o Banco Central da Irlanda calculava mais de 60 bilhões de euros em empréstimos por meio da ELA em circulação entre os bancos, além de outros 117 bilhões de euros emprestados por meio das operações monetárias tradicionais do BCE. O montante é quase um terço de todos os empréstimos do BCE para bancos da zona do euro (que reúne os 17 países que utilizam o euro como moeda).
Os preparativos para a nova linha do BCE surgem enquanto o governo da Irlanda se prepara para anunciar os resultados de mais uma rodada de testes de estresse com as instituições financeiras do país, destinada a avaliar exatamente qual é o volume de capital que os quatro maiores bancos irlandeses precisam para se manter em operação.
Os resultados deverão ser divulgados na quinta-feira, mas ontem o jornal Sunday Business Post afirmou que os testes mostrarão uma deficiência de capital de 18 bilhões de euros a 23 bilhões de euros. O valor é mais alto que os 10 bilhões de euros disponibilizados pela União Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o BCE no resgate oferecido à Irlanda em novembro do ano passado, mas menos que os 35 bilhões de euros que muitos analistas estimavam.